Geral Energia elétrica deve subir 43% neste ano
Por Redação O Sul | 25 de junho de 2015
A energia elétrica deverá sofrer reajuste total de 43,4% neste ano, informou nesta quarta (24) o BC (Banco Central) através do relatório de inflação do segundo trimestre. A última estimativa da instituição para o aumento foi feita duas semanas atrás. Naquele momento, o BC previa majoração menor, de 41%. A projeção de alta no preço da energia elétrica neste ano refletiu o repasse para as tarifas do custo de operações de financiamento, contratadas em 2014, da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético).
O governo federal anunciou, em janeiro, que não pretende mais fazer repasses à CDE – um fundo do setor por meio do qual são realizadas ações públicas – em 2015, antes calculados em 9 bilhões de reais. Com a decisão do Executivo nacional, as contas de luz dos brasileiros poderão sofrer neste ano reajustes superiores aos registrados em 2014.
Custo
O custo de produção de eletricidade no País vem subindo principalmente desde o fim de 2012, com a queda acentuada no armazenamento de água nos reservatórios das principais hidrelétricas. Para poupar água dessas represas, o Brasil está, desde aquela época, usando mais termelétricas, que funcionam por meio da queima de combustíveis, gerando energia cara. Isso ampliou o custo das contas.
Entretanto, também contribuiu para a majoração de gastos no setor elétrico o plano anunciado pelo governo federal em 2012, que levou à redução das contas de luz em 20%. Para chegar a esse resultado, o Executivo nacional antecipou a renovação das concessões de geradoras, as usinas hidrelétricas, e transmissoras de energia que, por conta disso, precisaram receber indenização por investimentos feitos e que não haviam sido totalmente pagos até então. Essas indenizações ainda estão sendo pagas, justamente via CDE.
Gasolina e gás
O BC informou ainda que, até maio, o preço da gasolina avançou 9,3% e que o preço do gás de bujão subiu 4,3%. Para a telefonia fixa, a autoridade monetária está prevendo um recuo de 3% neste ano todo. Com a alta da tributação sobre gasolina e fim de repasses para a conta de luz, a instituição comunicou que prevê, para o conjunto de preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus) um aumento de 13,7% em 2015. Há duas semanas, a previsão era de uma alta de 12,7% para os administrados neste ano.
Revisão
O governo federal poderá fazer uma revisão extraordinária das previsões de consumo e carga em 2015, em julho. A próxima estimativa será feita em agosto para valer em setembro. Segundo o presidente do EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Maurício Tolmasquim, fatores como a alta nas tarifas e a fraca atividade industrial justificariam a reanálise. A previsão anterior indicava que o consumo teria redução de 0,5% e a carga, crescimento de 0,1%. “Se examinarmos, provavelmente os dois números ficarão negativos”, explicou o dirigente.
Ainda conforme Tolmasquim, a revisão deverá ser feita com cautela, uma vez que fatores como a perspectiva dos reservatórios e uma possível baixa no preço de liquidação das diferenças poderão impactar em melhora dos números na previsão. “Não podemos supor que cairá muito e ter uma ótica que não é a correta”, avisou o presidente do EPE.
Esse panorama também impacta na elaboração do Plano Decenal de Energia 2024, que, de acordo com Tolmasquim, está praticamente pronto. O dirigente espera mandá-lo entre julho e agosto para o Ministério de Minas e Energia. Como houve queda de demanda, ele teve que ser atualizado, com uma projeção menor nos primeiros cinco anos, mas que depois se recuperaram. (AG)
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