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Geral Entenda como uma anomalia no campo magnético da Terra pode atrapalhar seu Campeonato Mundial

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Transmissões via satélite podem ser afetadas pela anomalia. (Foto: Reprodução)

Quando o Telescópio Espacial Hubble passa pela Anomalia Magnética da América do Sul (AMAS), seus instrumentos são desligados. Ignorá-la pode ser fatal. Em 2016, um satélite japonês novinho e caríssimo – o poderoso Hitomi, projetado para estudar buracos negros e aglomerados de galáxias –entrou nela desavisado e pagou por isso: sofreu uma pane e se despedaçou, para desespero dos astrônomos japoneses.

Quando a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), em órbita em torno da Terra, atravessa seu território, astronautas em missão na estação relatam estranhas visões: explosões de luz, como fogos de artifício.

A Anomalia Magnética da América do Sul, a região de menor intensidade do campo magnético da Terra, fica situada acima do território sul-americano, cujos efeitos mais evidentes podem ser sentidos a partir de cem quilômetros de altitude.

Ela foi identificada há cerca de um século e, apesar de afetar o funcionamento de satélites artificiais – com impacto econômico e humano – a anomalia é pouco conhecida e não recebe a atenção merecida por parte da comunidade científica internacional, dizem cientistas brasileiros.

Em entrevista à BBC News Brasil, três pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (SP), se revezam para explicar o que é o fenômeno – e por que ele nos interessa.

O que é?

“A Terra é envolta em um campo magnético gerado internamente no planeta e que nos protege de tudo o que vem do espaço”, diz o físico Antônio Lopes Padilha.

Esse campo magnético, explica Padilha, é gerado no núcleo líquido da Terra, a milhares de quilômetros de profundidade. O núcleo é formado, basicamente, por ferro e níquel. As condições do local, onde a temperatura e a pressão são altíssimas, geram uma grande quantidade de elétrons livres que circulam constantemente.

“O movimento desses elétrons gera uma corrente elétrica e essa corrente gera o campo magnético da Terra.”

O campo magnético, porém, não é igual em toda a superfície do planeta. Em algumas regiões ele é mais forte que em outras.

“A região da Anomalia da América do Sul, historicamente chamada de Anomalia do Atlântico Sul, é a região de menor intensidade do campo magnético na superfície da Terra”, diz Padilha.

“Ela cobre grande parte do continente sulamericano. Sua presença acarreta alguns fenômenos, principalmente na região conhecida como ionosfera, acima de 100 km de altitude.”

As dimensões desse “buraco” variam de acordo com a altitude, explica a equipe do Inpe.

A 500 km de altura (órbita aproximada da Estação Espacial Internacional), a área da AMAS se expande entre -50° e 0° de latitude geográfica e -90° e +40° de longitude. Ou seja, em cálculo aproximado, a anomalia teria em torno de 90 milhões de quilômetros quadrados.

Como somos afetados?

Periodicamente, mudanças repentinas no campo magnético do Sol provocam a liberação súbita de grandes quantidades de energia. Esses fenômenos, conhecidos como explosões solares, liberam radiação eletromagnética que se propaga na velocidade da luz, chegando à Terra em 8 minutos. E também aceleram partículas para fora do Sol, podendo gerar as chamadas nuvens magnéticas, ou Ejeções Coronais de Massa (CME, na sigla em inglês). A nuvem viaja pelo espaço e, às vezes, atinge a Terra.

Ali dentro há partículas – prótons e elétrons. É uma massa de plasma que demora entre um e três dias para chegar à Terra e, quando chega, provoca tempestades magnéticas, levando à precipitação dessas partículas, que são altamente energéticas, sobre o planeta.

“O efeito mais bonito das tempestades magnéticas são as auroras (polares). Quando tem aurora, pode pesquisar, alguns dias antes houve uma explosão solar”, explica à BBC Brasil o engenheiro eletricista e doutor em Ciência Espacial Clézio Marcos De Nardin, gerente geral do Programa de Clima Espacial do Brasil, Embrace/INPE.

Como o campo magnético que protege a Terra dessas partículas é mais fraco na região da AMAS, quando ocorrem explosões solares, os riscos de que as partículas energéticas liberadas pelo Sol atravessem o campo magnético naquela área são muito maiores.

Resultado: satélites passando pela anomalia são bem mais afetados pelas partículas radioativas – e precisam de proteção extra.

“Sabemos, por exemplo, que os satélites austríacos são desligados quando entram na anomalia magnética e são religados quando saem na outra ponta. Isso é feito para prevenir problemas no computador dos aparelhos, porque uma partícula dessas pode danificar o computador ou mudar a atitude do satélite, levando à sua perda.”

Foi o que aconteceu com o satélite japonês Hitomi, explicam os pesquisadores.

Até onde se sabe, para nós, humanos, a importância da anomalia magnética está associada aos riscos potenciais que ela traz para a rede de satélites do planeta – explica o cientista.

E à medida que as sociedades modernas se baseiam cada vez mais em satélites artificiais para atividades múltiplas – comunicações, navegação, meteorologia, defesa, observação da Terra e exploração do Universo – a busca de estratégias para driblar a anomalia torna-se cada vez mais vital.

“Nos últimos dez anos, temos desenvolvido muito a previsão do clima no espaço”, explica De Nardin

Mundial

“Tome como exemplo a Copa do Mundo da Rússia e imagine que a Seleção Brasileira está fazendo a disputa de pênaltis do jogo final – lembra dos pênaltis de Copa de 1994?”, diz De Nardin.

“Você gostaria que o satélite de comunicações deixasse de transmitir neste exato momento?”

“Pois é, se tiver uma tempestade magnética e ele não estiver preparado para isso, e se não houver outro satélite de backup, isso pode ser uma realidade”, conclui o pesquisador.

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