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Música Erasmo Carlos lança DVD e fala sobre antiga dependência em álcool: “Quase acabou com minha carreira”

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Músico revela que toca outros gêneros além do rock. (Foto: Reprodução)

O lado A de Erasmo Carlos é puro rock. Já o B revela um sambista de primeira. Em seu novo DVD, “Meus Lados B ao Vivo”, o Tremendão revive pérolas de seu repertório que acabaram apagadas pelos hits. Entre as 22 faixas, pelo menos quatro representantes do gênero genuinamente carioca: “De Noite na Cama”, “Cachaça Mecânica”, “O Comilão” e “Mané João”. “Eu sou da Tijuca, sempre fiz samba, só que as pessoas nunca prestaram atenção. Só querem saber de rock, rock, rock…”, reclama.

Apesar de ser considerado o pai do rock, você também faz samba…
Erasmo Carlos É, sempre fiz, mas nunca notaram. Já gravei sambas como “Aos Pés da Santa Cruz” e “Aquarela do Brasil”, inclusive. Só que as pessoas nunca prestaram atenção. Só querem saber de rock, rock, rock… Sou um compositor brasileiro, recebo influências de vários ritmos e gêneros.

Com o filho Léo Esteves, braço-direito na gravadora Coqueiro Verde. (Foto: Reprodução)

Com o filho Léo Esteves, braço-direito na gravadora Coqueiro Verde. (Foto: Reprodução)

No projeto gráfico do DVD, foram feitas colagens de recordações suas. Tem muita coisa antiga guardada em casa?
Erasmo – Meus escritos, fotos, reportagens… está tudo aqui. Tenho praticamente uma vida inteira documentada. São mais de 600 composições, imagine quantos manuscritos tenho em cadernos, folhas soltas, guardanapos? Só o papel higiênico que se desfez… Quanto mais comidos por traças, mais bonitos e valorizados ficam.

Você é nostálgico?
Erasmo – Não! Nem nostálgico nem saudosista. Eu vivo o hoje e o amanhã, não fico preso ao passado. Foi tudo lindo e maravilhoso, não vou nunca menosprezar o que vivi. Tudo construiu o homem que sou hoje, e eu amo esse homem aqui. Até o que aprontei de errado foi muito importante, não me arrependo de nada!

Você regravou “Maria Joana”, uma celebração da maconha. É a favor da liberação hoje?
Erasmo – Claro, sempre fui! Mas essas coisas não podem ser ditas de repente, é assunto de resposta demorada. A legalização tem que ser bem pensada e realizada, sem oba-oba. O primordial é a descriminalização. Isso aí já deveria ter sido feito há décadas. Para mim, a não descriminalização da maconha é uma agressão.

Com o filho Carlos Alexandre, morto no ano passado: muitas lembranças em casa. (Foto: Reprodução)

Com o filho Carlos Alexandre, morto no ano passado: muitas lembranças em casa. (Foto: Reprodução)

Ainda é usuário da erva?
Erasmo – Não. Há muito tempo larguei tudo. Estou careta, com muito orgulho. Não sou radical com nada, acho que tudo pode ser repensado. Ninguém sabe realmente o que é certo e o que é errado nessa vida. O bom senso da gente é que tem que dizer.

O álcool ainda é um problema para você?
Erasmo – Foi um mal que me perseguiu durante muito tempo. O álcool quase acabou com a minha carreira. Não é que eu tenha cortado totalmente a bebida da minha vida, tomo um uisquezinho antes do show, aprecio um vinho. Só não abuso mais. Estar bêbado às 9h da manhã é passado, foi um processo de autodestruição muito grande. Hoje consigo dosar as doses, sem trocadilhos. [risos]

Quando mudou seu pensamento?
Erasmo – Não foi de repente, foi acontecendo. Meus netos nasceram, queriam ficar perto de mim e eu queria que eles me vissem com orgulho.

O DVD “Meus Lados B”. (Foto: Reprodução)

O DVD “Meus Lados B”. (Foto: Reprodução)

Aos 74 anos, é um homem saudável?
Erasmo – Graças a Deus, minha saúde está muito boa. Tenho disposição, mente e corpo sãos. Lido bem com a passagem do tempo, acontece com todo mundo. Meus valores são outros, envelhecer não é problema.

Você cantou “Geração do Meio”, que está neste DVD, no primeiro Rock in Rio (1985), e não foi tão bem recebido pelo público. Pretende apresentá-la de novo no RiR deste ano?
Erasmo – Não. A onda é outra. O que eu vou fazer acompanhado dos caras do Ultraje a Rigor é rock ‘n’ roll na veia, do princípio ao fim. Pode ter lado A e lado B, mas vai ser tudo pauleira, nada lento.

Você dedica esse trabalho a seu filho Léo Esteves. Por que não menciona também o nome de Carlos Alexandre, em memória?
Erasmo – Seria óbvio. Mas quem fez o disco comigo foi Léo, meu filho vivo. A menção não foi de pai para filho, mas de profissional para profissional. Léo é dono da minha gravadora, meu braço-direito.

Um ano depois, você conseguiu superar a morte de seu filho (Carlos Alexandre morreu em 14 de maio do ano passado, vítima de um acidente de moto no Rio)?
Erasmo – Meu bem, a gente nunca esquece. Tem coisinhas dele espalhadas por toda a casa. Dudu tinha a mania de escrever bilhetinhos para mim. No banheiro, tem um escrito na parede. O quarto dele de solteiro está intacto, toda hora me deparo com alguma coisa que me lembre. Mas a vida continua, estou aprendendo a conviver com a ausência da alegria do meu filho.

Você é chamado Gigante Gentil, mas continua cantando sua fama de mau. Que faceta é mais forte no Erasmo?
Erasmo – Eu tinha o machismo ingênuo da Jovem Guarda, que gerou a música e a fama. Era considerado bad boy porque não queria saber de casamento, e as mães daquela época queriam todas casar as filhas direitinho. Por isso, eu não era flor que se cheirasse [risos], tive fama de bandidão. Adolescente, na Tijuca, eu aprontei algumas. Hoje estou calmo até demais…

Chay Suede viverá Erasmo no filme “Minha Fama de Mau”. (Foto: Reprodução)

Chay Suede viverá Erasmo no filme “Minha Fama de Mau”. (Foto: Reprodução)

Seu livro “Minha fama de mau” vai virar filme, com Chay Suede no papel de Erasmo. Você influenciou na escolha do ator?
Erasmo – Não, em nada. Partiu do diretor Lui Farias, eu só escrevi o livro. Por enquanto, não vou participar do filme. Mas sou noveleiro, vejo “Babilônia”, gosto do trabalho do Chay. Ele é um bom ator.

Consegue ver semelhanças entre vocês dois? Há traços nele que te lembram sua juventude?
Erasmo – A gente teve pouco contato. Nos esbarramos em eventos e premiações antes do encontro promovido pelo Lui para lançar publicamente a ideia do filme. Para mim foi uma surpresa. Mas acho que Chay vai precisar tomar um pouquinho mais de sol. Está muito branquinho para interpretar o morenão aqui! [risos] (Naiara Andrade/AG)

 

 

 

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