Segunda-feira, 06 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 30 de setembro de 2015
Para o ex-ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo Lula, Miguel Jorge, que apareceu em e-mail a executivos da Odebrecht citando lobby do ex-presidente, a atuação de chefes de Estado e ministros em prol de empresas do Brasil no exterior faz parte do papel dos governantes de buscar expandir as atividades comerciais.
Um e-mail de fevereiro de 2009 e interceptado pela PF (Polícia Federal) na Operação Erga Omnes, desdobramento da Lava-Jato, revelou que dois executivos da empreiteira, Marcos Wilson e Luiz Antonio Mameri, conversam com o então ministro de Lula. “Miguel Jorge afirma que esteve com os presidentes [do Brasil e da Namíbia] e que ‘PR fez o lobby’, provável referência ao presidente Lula”, registrou análise feita pela PF.
Naturalidade
Indagado sobre o episódio, Miguel Jorge respondeu com naturalidade. Até lembrou de um capítulo ocorrido há mais de 40 anos. “A primeira visita da rainha da Inglaterra ao Brasil nos anos 1970 foi especificamente para vender aviões ingleses, de uma empresa que depois foi uma das que formaram a Airbus. Acho que esse é o papel dos governantes, de realmente se esforçarem para ter um comércio exterior maior para os seus países”, declarou o ex-ministro.
Namíbia
Consultado sobre o e-mail em que diz PR fez o lobby em referência ao presidente Lula em um encontro com o presidente da Namíbia em 2009, Miguel Jorge disse que não se recordava do episódio. Ele reafirmou que fez lobby para empresas brasileiras quando foi ministro. “Eu fazia lobby pra todas as empresas brasileiras, independente de qual fosse, de frango de carne, de construção, de tubo, esse inclusive é o papel do ministro né?”, indagou.
Ele explicou ainda que a Odebrecht fazia parte de um consórcio junto com a Eletrobras e Furnas na obra da hidrelétrica da Namíbia. Em 2008, a Eletrobras recebeu aprovação para atuar no exterior e estava à procura de oportunidades na América Latina e na África.
De acordo com Miguel Jorge, os lobbies eram sempre muito técnicos e éticos. “Dissemos que a empresa é boa e faz bem [sua atividade]. No caso da Odebrecht, que ela constrói bem, se fosse outra empreiteira a gente teria feito a mesma coisa. Esse é um papel institucional do ministro do Desenvolvimento”, disse. (AE)