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Tito Guarniere Falta de compostura

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O presidente tem 65 anos e faz parte da faixa etária considerada por especialistas como grupo de risco. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Quando o ocupante do cargo mais alto da República incita as pessoas a invadir hospitais, deveríamos entender como um fato insólito. Mas é apenas um surto comum em Bolsonaro. O capitão, de carreira sem brilho, carrega consigo uma comorbidade incontrolável: um aturdimento que emerge de repente, se revela assim cru e insensível, talvez um legado adquirido nos seus anos de quartel. Como existem na praça otários para todos os gostos, sempre aparecem aqueles dispostos a atender aos apelos insanos.

Bolsonaro é um homem atormentado. Na sua visão bisonha de mundo, na sua paranoia, talvez à exceção dos filhos e (por um tempo) um ou outro homem de confiança, os demais estão de alguma maneira envolvidos em tramas sinistras para depreciar seu governo, desmoralizá-lo, com o fim indisfarçável de barrar os seus propósitos, sejam eles os mais breves ou os mais remotos, como as eleições de 2022.

Assim, são falsos os números divulgados de contágios e óbitos da covid-19. Governadores, prefeitos, infectologistas e estatísticos, de norte a sul do país, mantêm entre si uma combinação sinistra de inflar as estatísticas, com o objetivo sórdido de inculpar o presidente e o seu governo.

Esses conspiradores todos – o conluio conta com a parceria valiosa dos meios de comunicação – são vilões peçonhentos, que não vacilam em deixar morrer em casa, ou na calçada, doentes do coronavírus que poderiam ser curados em um leito hospitalar. Preferem, os malfeitores doentios, esconder leitos vazios do que tratar os doentes.

É preciso ter a alma mergulhada na escuridão, dominada por demônios que a corroem irremediavelmente, uma perspectiva trágica em relação aos demais seres humanos, para acolher e dar curso a pensamentos são destrutivos.

Notem que Bolsonaro, em circunstância alguma, até hoje, fez o elogio de médicos e paramédicos que atuam na linha de frente no combate à doença, nas UTIs, nas instalações hospitalares, com o risco de contágio e da própria vida. No Brasil, já morreram mais de uma centena de enfermeiras infectadas pelo vírus. Ao invés de reconhecer o trabalho heroico, ele acusa os profissionais da saúde de falsificar números e estatísticas – sem eles, a trama diabólica seria impossível.

O presidente, a certa altura, diante das manifestações de rua contra o seu governo, disse que (os adversários) “estão botando as mangas de fora”. Soa patético. Até então, os seus adeptos e seguidores compareciam ruidosamente em atos de apoio do presidente e ao governo, não faltando palavras de ordem grosseiras, ataques virulentos e apelos golpistas. Estes, entretanto, não estavam de mangas de fora.

Quase todos os dias, duas dúzias de fanatizados esperam ansiosamente a “entrevista coletiva” do presidente no circo-cercadinho do palácio da Alvorada. É de mangas de fora que o fazem, atacando tudo o que lhes desagrade, no âmbito tortuoso dos seus valores e crenças. A claque montada em estado de exaltação, o espetáculo mambembe com pano de fundo para o palácio residencial e o Lago Paranoá, é um dos retratos mais emblemáticos do desgoverno em curso, da falta de compostura geral.

 

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https://www.osul.com.br/falta-de-compostura/ Falta de compostura 2020-06-27
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