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Mundo Frio extremo eleva riscos à saúde dos refugiados

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As autoridades, porém, acreditam que o número real de refugiados no país provavelmente é muito maior. (Foto: Reprodução)

Quase 3 milhões de pessoas já fugiram da Ucrânia desde o início da invasão russa, há 21 dias. Além dos desdobramentos da guerra em si, o inverno rigoroso tem sido um dos principais agravantes para os refugiados: nesta época do ano, as temperaturas chegam facilmente a 10ºC negativos, e a exposição prolongada ao frio pode acarretar desde sintomas leves, como arrepios, tremores e dormência, até quadros de perda de mobilidade e consciência e dificuldades cardiorrespiratórias, que, em último caso, levam à morte, afirmam especialistas.

“O frio representa um dos maiores riscos à saúde dos refugiados ucranianos, muitas vezes obrigados a percorrer grandes distâncias a pé, sob temperaturas em torno de 5ºC a 10ºC negativos, até sob neve, como é comum nesta época nas regiões entre a Ucrânia e a Polônia”, afirma Luiz César Nazário Scala, professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). “Na presença do vento, a sensação térmica do frio pode aumentar ainda em níveis inferiores a 5ºC.”

Nesse contexto, os ucranianos e estrangeiros em fuga do país estão mais propícios à hipotermia, uma condição clínica em que a perda excede a produção de calor e a temperatura fica abaixo do normal. Os sintomas, segundo Scala, dependem da temperatura em que o corpo humano se encontra, sendo a hipotermia classificada em leve (temperatura corpórea entre 33°C e 35°C), moderada (entre 30°C e 33°C) ou grave (abaixo de 30ºC).

De acordo com o especialista, os casos leves incluem arrepios, tremores e dormência de mãos e pés, podendo haver também cansaço excessivo e lentidão nos movimentos. Já nos quadros moderados, os tremores são mais intensos, às vezes incontroláveis; as extremidades (mãos, pés, nariz e orelhas) começam a ficar arroxeadas e surgem dificuldades crescentes de falar e controlar os movimentos do corpo, seguido de rebaixamento do grau de consciência. Na fase mais grave, há descontrole dos membros inferiores e superiores, prejuízo da memória, redução acentuada de respiração e batimentos cardíacos, perda de consciência e morte por parada cardiorrespiratória.

Em condições de frio extremo também podem ocorrer lesões ulceradas nas superfícies da pele expostas ao frio — como rosto, nariz e orelhas — e necrose de extremidades sem proteção adequada, a exemplo dos pés e das mãos, completa Scala.

“São diversas as variantes que contam para medir o impacto do frio numa pessoa, como suas condições de saúde, idade, tipo de roupa que está usando e nível de proteção térmica. Mas estamos falando de uma situação de guerra, em que as pessoas saem de casa desesperadas, carregando o que conseguem para sobreviver”, afirma Jean Ometto, pesquisador sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e especialista em mudanças climáticas. “Mesmo para quem nasceu num país frio e está mais acostumado a invernos rigorosos, é uma situação fora do padrão, que deixa qualquer um vulnerável.”

Assim, é importante que a pessoa se mantenha hidratada e use calçados com solas grossas e agasalhos adequados para proteger o corpo, ressalta Scala. Também é importante utilizar cobertores ou mantas térmicas, ingerir bebidas quentes e retirar qualquer roupa molhada.

O consumo de bebidas alcoólicas, porém, não é recomendado, pois, “apesar de em um primeiro momento aquecerem a pessoa, posteriormente interferem no sistema de termorregulação agravando o quadro de hipotermia”, afirma. O especialista explica ainda que o reaquecimento precisa ser “harmônico”, ou seja, de forma gradual.

“Assim que os sintomas aparecem, o ideal é que a pessoa busque abrigo e, se possível, uma forma de se aquecer”, diz Ometto. “Mas se ela está fugindo de uma guerra, isso é muito difícil. Então ela acaba exposta a uma situação muito frágil, que pode levar até a morte.”

Além do frio, no caso da Ucrânia, há ainda diversos fatores adversos a que estão expostas as pessoas: estresse psicológico, alimentação inadequada e esforço físico em percorrer grandes distâncias à pé, afirmam os especialistas. Crianças, idosos e portadores de doenças crônicas (cardíacas, pulmonares, diabetes insulino-dependentes, viciados em drogas, alcoólatras) são os mais vulneráveis nessas condições, diz Scala. Entre os cardíacos, o frio também pode precipitar quadros de infarto agudo do miocárdio e outras complicações.

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https://www.osul.com.br/frio-extremo-eleva-riscos-a-saude-dos-refugiados/ Frio extremo eleva riscos à saúde dos refugiados 2022-03-15
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