Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 5 de maio de 2025
Um estudo realizado pela iniciativa “Era Golpe, Não Amor” revelou que quatro em cada dez mulheres já foram vítimas de estelionato sentimental, também conhecido como “Golpe do Amor”. A pesquisa foi conduzida com cerca de 1.200 entrevistadas.
De acordo com os dados, 22% das mulheres afirmam conhecer alguém que passou por esse tipo de abordagem em aplicativos de relacionamento, 9% relataram terem sido abordadas diretamente, mas conseguiram identificar a tentativa de golpe na hora, e 7% só perceberam que estavam sendo enganadas após algum tempo de interação.
O levantamento aponta ainda que o golpe financeiro é o mais comum. Cerca de 53% das vítimas relataram que o golpista pediu dinheiro emprestado, enquanto 25% afirmaram que houve solicitação de ajuda para pagar alguma conta.
Nardenn Porto, advogado de família especializado em estelionato sentimental, explica como esse tipo de crime afeta profundamente as vítimas.
“É um golpe que fere o coração, a autoestima e o bolso. O golpista se faz de apaixonado, atencioso e cuidadoso. Aos poucos, cria laços, promete um futuro ao lado, fala em casamento, filhos, estabilidade… e aí começa a pedir dinheiro. A vítima, envolvida emocionalmente, empresta, vende o que tem, faz empréstimos, acredita nas histórias. Quando percebe, está emocionalmente devastada e financeiramente destruída”, afirma.
O advogado ressalta ainda que muitas mulheres não denunciam o crime por vergonha ou medo de serem julgadas. “O prejuízo vai muito além do dinheiro. Há vergonha, culpa, medo e silêncio. Muitas não denunciam por medo de ouvirem que foram ‘ingênuas demais’”, complementa.
Para evitar cair nesse tipo de golpe, Nardenn orienta: “Desconfie de histórias perfeitas demais e promessas rápidas demais. Nunca envie valores para alguém que você só conhece virtualmente. E mesmo que conheça pessoalmente, não empreste dinheiro sem contrato, sem provas e sem verificar quem é essa pessoa de fato.”
O estelionato sentimental é um crime que cresce em meio à popularização dos relacionamentos online, muitas vezes explorando a solidão e o desejo sincero de construir uma relação afetiva. A ausência de denúncias e o medo de julgamento dificultam ainda mais a identificação e punição dos responsáveis, perpetuando um ciclo de silêncio e impunidade. As informações são do jornal O Globo.