Quarta-feira, 25 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 17 de fevereiro de 2016
Neste ano, quase 600 mil brasileiros devem ser diagnosticados com câncer, conforme estimativa do Inca (Instituto Nacional do Câncer). Com o objetivo de incentivar a prevenção da doença, a entidade escolheu o combate à obesidade como tema da campanha do Dia Mundial do Câncer, que aconteceu no início deste mês.
De acordo com a nutricionista Maria Eduarda Melo, da Unidade Técnica de Alimentação, Nutrição e Câncer do Inca, já existem evidências científicas robustas de que o excesso de peso corporal é fator de risco para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer – como os de mama, próstata, cólon e reto, endométrio, ovário, esôfago, rins e vesícula biliar, entre outros.
“Há alguns mecanismos propostos para essa relação. Um deles é que a obesidade pode levar a alterações [aumento] nos níveis de diversos hormônios, como insulina, leptina e estrogênio, que podem favorecer a proliferação de células cancerosas e inibir a apoptose”, explica.
Por isso, manter uma dieta equilibrada é essencial. Diagnosticado com câncer colorretal em 2012, Nevil Luis Teixeira Ribeiro, 65 anos, sabe bem da importância de comer mais alimentos frescos e menos industrializados. No ano passado, o aumento das chances de sofrer desse tipo da doença foi diretamente associado ao consumo de carnes processadas, em estudo divulgado pela Iarc (Agência Internacional de Pesquisa do Câncer).
“As pessoas são aquilo que elas comem”, sentencia Ribeiro, que descobriu o câncer após perceber sangue nas fezes. “Fui ao médico e exames constataram a doença. Segundo o Inca, ela já estava se desenvolvendo há cerca de cinco anos, mas eu não sentia nada. Comecei o tratamento com 28 sessões de radioterapia, e, em 2012, fui operado. Retiraram mais ou menos 40 centímetros do meu intestino grosso. Agora, uso a bolsa de colostomia. Desde então, faço acompanhamento médico para ver se há metástase, mas até agora não foi apontada alteração. Se não aparecer problema nos cinco anos após a cirurgia, vou receber alta.”
Excesso de peso inflama o organismo.
A obesidade também provoca um estado inflamatório crônico no organismo, o que favorece o aparecimento do câncer. Segundo o oncologista clínico Ronaldo Corrêa Ferreira da Silva, apesar de genética, a doença é multifatorial e decorre de erros na capacidade de multiplicação da célula.
“Os fatores de risco, como exposição à radiação, má alimentação e heranças genéticas, influenciam nas diferentes fases de desenvolvimento [do tumor]”, diz o médico.
Isso foi o que os médicos explicaram para o aposentado José Rodolfo Veríssimo, 84 anos, que também se recupera de um câncer colorretal: “Quando descobri, fiquei apavorado, mas se Deus quiser, acontecerá um milagre”. (AG)