Segunda-feira, 14 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 14 de março de 2016
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Armando Burd
A diferença foi de dois dias. As manifestações de 2015 ocorreram a 15 de março, tendo foco nas denúncias de corrupção. Como resposta, surgiram algumas promessas, distanciadas das reivindicações e não cumpridas. Ontem, repetiu-se a inconformidade com as novas descobertas de desvios, mas somaram-se outros motivos: a queda do Produto Interno Bruto, o aumento do desemprego, a volta da inflação e o pedido de impeachment. Para enfrentar esses problemas, o governo não mostrou iniciativa e determinação ao longo de 12 meses.
Dinheiro se esvai
Encerrados os protestos de ontem, a presidente Dilma elogiou a maturidade dos participantes, o que é muito pouco. Faltou entender a crítica à inércia, ao ano perdido com a permanência de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, à falta de controle dos gastos e a disparada da dívida pública. Só de juros, o governo pagou, até às 23h de ontem, 122 bilhões e 600 milhões de reais. A contagem começou a 1 de janeiro deste ano. Comparando, o orçamento do Ministério da Saúde para 2016 é de 120 bilhões de reais.
Espera-se mais
Em nota, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República ressaltou que “a ausência de confrontos violentos nos protestos contra o governo demonstra a maturidade do País”. Faltou acrescentar a perda de paciência da população. É difícil acreditar que o governo não tenha mais a dizer.
Uma saída
A semana em Brasília começa com projeções sobre o que acontecerá no plano político. A expressão que corre nos bastidores é Novíssima República, fórmula que mantém a presidente Dilma, mas diminui seus poderes, sobretudo na área econômica.
Cuidando de perto
A participação recorde nas ruas, ontem, mostra como o País está mudando. Sobre o distanciamento da vida pública, que se constituía num costume, vale lembrar o historiador inglês Arnold Toynbee: “O maior castigo para aqueles que não se interessam pela política é que serão governados pelos que se interessam.”
Diferença
O Congresso Nacional, que aprova o orçamento, não quer perceber: as despesas do governo cresceram em ritmo superior ao Produto Interno Bruto desde a promulgação da Constituição de 1988.
Efeito no bolso
A 14 de março de 1986, o Datafolha mostrou que o presidente José Sarney tinha 84% de aprovação. Pesquisa aplicada em seis capitais, entre as quais Porto Alegre. O resultado foi atribuído ao lançamento do Plano Cruzado, que tinha ocorrido duas semanas antes, fazendo baixar a inflação.
Ilusão
Ao discursar na convenção de sábado, Sarney se vangloriou de ter ajudado a eleger 22 governadores do PMDB em 1986. Foi obra exclusiva do Cruzado, que derrubou os preços por alguns meses. Passada a eleição, o custo de vida voltou a subir de forma acelerada.
Rápidas
* O PMDB inaugura fase da política: é aliado-rival do governo.
* Retrato sem retoques do País: carga tributária proibitiva e crescimento insustentável dos gastos públicos.
* O governo Dilma consegue raridade: não tem diálogo com o empresariado, com os movimentos sociais e com o Congresso.
* Golpes que têm levado empreendedores a nocaute: queda nas vendas, pressão de custos, juros elevados e endividamento crescente.
* Parlamentarismo de ocasião não vai resolver os problemas do País.
* A maior oferta de lojas está exposta nas placas: aluga-se.
aburd@terra.com.br
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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