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Mundo Guerra nuclear: Putin tem 2 mil armas difíceis de controlar

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Kremlin tenta distanciar Putin do maior revés militar recente da Rússia. (Foto: Reprodução/Twitter)

Apesar de todas as suas ameaças de disparar armas nucleares táticas contra alvos na Ucrânia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, está descobrindo agora o que os Estados Unidos concluíram anos atrás, suspeitam autoridades americanas: armas nucleares menores são difíceis de controlar e funcionam muito melhor como instrumento de terror e intimidação do que como arma de guerra.

Analistas dentro e fora do governo que simularam diferentes cenários relativos às ameaças de Putin passaram a duvidar da utilidade dessas ogivas — carregáveis em projéteis de artilharia e transportáveis em caminhões — em seu avanço na direção de seus objetivos.

A principal utilidade dessas armas, afirmam muitas autoridades americanas, seria parte de um esforço final de Putin de impedir a contraofensiva ucraniana ameaçando tornar inabitáveis certas regiões da Ucrânia. Autoridades ouvidas pela reportagem falaram sob condição de anonimato para descrever algumas das discussões mais sensíveis dentro do governo.

Os cenários que simularam a maneira que os russos usariam armas nucleares táticas variam amplamente. Eles poderiam disparar tanto um projétil de calibre 152 milímetros com um canhão de artilharia em solo ucraniano quanto um míssil carregado com ogiva de meia tonelada lançado dentro da Rússia. Os alvos poderiam ser alguma base militar ucraniana ou uma pequena cidade. A magnitude da destruição — e da contaminação radioativa — dependeria de fatores que incluem o tamanho da ogiva e os ventos da estação. Mas mesmo uma pequena explosão nuclear seria capaz de causar milhares de mortes e deixar a região atingida inabitável por anos.

Ainda assim, os riscos para Putin poderiam facilmente superar qualquer ganho. Seu país poderia se tornar pária internacional, e o Ocidente tentaria capitalizar sobre a detonação para tentar convencer China e Índia — e outros países que ainda compram petróleo e gás natural da Rússia — a adotar as sanções a que têm resistido. E então há o problema dos ventos que estarão batendo: a radiação emitida pelas armas russas poderia facilmente ser soprada para dentro da Rússia.

Por meses, simulações em computadores do Pentágono, laboratórios nucleares americanos e agências de inteligência têm tentado prever o que poderia acontecer e como os EUA poderiam responder. A tarefa não é fácil, porque armas nucleares táticas possuem muitos tamanhos e variações, a maioria com uma fração do poder de destruição das bombas que os EUA soltaram em Hiroshima e Nagasaki em 1945.

Um grande sigilo cerca o arsenal de armas nucleares táticas da Rússia, que variam em tamanho e força. A arma com que os europeus mais se preocupam é a ogiva pesada que pode ser instalada no míssil Iskander-M, capaz de atingir cidades na Europa Ocidental. Análises dos russos equiparam a magnitude da explosão atômica mais branda de uma ogiva carregada em um Iskander a aproximadamente um terço do poder de destruição da bomba de Hiroshima.

Muito mais se sabe a respeito das armas nucleares táticas projetadas para o arsenal dos EUA durante a Guerra Fria. Uma delas, fabricada no fim dos anos 50 e batizada de Davy Crockett, em homenagem ao herói da fronteira que morreu no Álamo, pesava cerca de 30 quilos e parecia-se com uma grande melancia, com quatro barbatanas. A ogiva foi projetada para ser disparada de um canhão instalado atrás de um jipe e tinha um milésimo da força da bomba de Hiroshima.

Mas conforme a Guerra Fria progrediu, tanto os EUA quanto os soviéticos desenvolveram centenas de variações. Houve cargas de profundidade atômicas para aniquilar submarinos e rumores de “valises nucleares”. Em um determinado momento, nos anos 70, a Otan possuiu um total de 7,4 mil armas nucleares táticas, o que equivale a quase quatro vezes a atual estimativa do estoque russo.

Na realidade, contudo, mesmo que uma explosão de uma arma nuclear tática possa ser menor do que a produzida por um armamento convencional, a radioatividade emitida seria duradoura.

Em terra, os efeitos da radiação “seriam muito persistentes”, afirmou Michael Vickers, ex-conselheiro civil mais graduado do Pentágono para estratégia de contrainsurgência. Nos anos 70, Vickers foi treinado para se infiltrar nas fileiras soviéticas carregando uma bomba nuclear em uma mochila.

As armas nucleares táticas da Rússia “seriam mais provavelmente usadas contra concentrações de forças inimigas, para evitar uma derrota convencional”, afirmou Vickers. Mas ele disse que, segundo sugere sua experiência, “a utilidade estratégica seria altamente questionável, dadas as consequências que Rússia quase certamente enfrentaria após usá-las”.

Riscos da radiação

Para a radiação mortífera há uma dramática comparação ocorrida em solo ucraniano: o que ocorreu em 1986 quando um dos quatro reatores da usina nuclear de Chernobyl sofreu um derretimento e uma explosão que destruiu o edifício que o abrigava.

Na época, os ventos que sopravam vinham do sul e do sudoeste, mandando nuvens radioativas principalmente para Belarus e Rússia, apesar de quantidades menores de radioatividade terem sido detectadas em outras partes da Europa, especialmente na Suécia e na Dinamarca.

Os perigos da radiação de armas nucleares táticas provavelmente seriam menores do que os que envolvem reatores enormes, como os de Chernobyl, cuja radiação emitida pelo acidente envenenou vários quilômetros quadrados das pradarias do entorno e causaram câncer em milhares de pessoas, apesar desse número exato ser tema de debate.

O que ocorreu em Chernobyl, evidentemente, foi um acidente. A detonação de uma arma nuclear tática seria uma escolha — e provavelmente um ato de desespero. Ainda que as repetidas ameaças atômicas de Putin possam chocar muitos americanos que mal pensaram em armas nucleares nas décadas recentes, essa história é antiga.

Em alguns aspectos, Putin está seguindo a cartilha escrita pelos EUA há quase 70 anos, quando os americanos planejavam como defender a Alemanha e o restante da Europa de uma invasão soviética em grande escala.

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https://www.osul.com.br/guerra-nuclear-putin-tem-2-mil-armas-dificeis-de-controlar/ Guerra nuclear: Putin tem 2 mil armas difíceis de controlar 2022-10-05
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