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Política “Houve reuniões, mas não levaram a ação”, diz o general Hamilton Mourão, ex-vice de Bolsonaro, sobre trama golpista

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Senador e ex-vice-presidente da República, o general Hamilton Morão reconheceu que uma ala das Forças Armadas tentou articular um golpe. (Foto: Divulgação)

Senador e ex-vice-presidente da República, o general Hamilton Morão (Republicanos-RS) reconheceu em entrevista ao jornal O Globo que uma ala das Forças Armadas tentou articular um golpe após a derrota de Jair Bolsonaro para Lula em 2022, mas ressaltou que o “Exército agiu dentro da legalidade”. Segundo ele, houve uma “conspiração Tabajara”.

A conversa ocorreu antes da prisão de seu colega de farda, o general Walter Braga Netto, ocorrida no sábado. Procurado, Mourão não quis responder a novas perguntas e afirmou que já havia manifestado sua opinião pelas redes sociais. No X, ele disse que o militar não representava risco e que a decretação da prisão atropelou as normas legais. Leia abaixo alguns trechos da entrevista.

– As investigações da Polícia Federal indicam que o plano golpista não teve sucesso porque não houve aval do Alto-Comando. Como vê o caso? “O Exército se baliza por três vetores: trabalhando dentro da legalidade, usando legitimidade e mantendo a estabilidade do país. O Exército não pode ser fator de instabilidade. É óbvio que uma reversão de um processo eleitoral na base da força lançaria o país num caos. Então, o Exército agiu dentro desses vetores. Foi a atitude correta do [general] Freire Gomes [que se recusou a ceder a apelos golpistas], não há o que contestar.”

– Mas não dá para negar que outros militares participaram da conspiração, não é? “Mas é uma conspiração bem tabajara, conversas de WhatsApp. Em tese, houve reuniões, mas não levaram a nenhuma ação. Na linguagem militar, nós definimos como ‘ações táticas’ tudo aquilo que há movimento. Não houve nada disso. Houve pensamento, não passou disso.”

– Há relatos até de carro oficial do Exército sendo utilizado. “Isso aí tudo tem de ser analisado dentro do contexto. Mas, vamos combinar, golpe não funciona assim. Golpe é como você viu aí na Síria, na Venezuela, na Turquia. É tropa na rua, é tiro, é bomba.”

– Seria necessário o apoio do Alto Comando, então? “Claro que seria. Como funcionaria um golpe? Você vai fazer o quê? Fechar o Congresso? Qual objetivo do golpe? Impedir a posse? Não tem nada disso. É um troço sem pé nem cabeça.”

– Se o Exército tivesse cedido, a instituição teria contrariado seus princípios? “A realidade é o seguinte: houve um processo eleitoral, tem uma parcela da população descrente desse processo, mas, quando você soma prós e contras, o processo eleitoral foi esse. Os dois lados participaram ativamente, houve uma derrota eleitoral e tem de ser encarada dessa forma. E as Forças Armadas, como instituição de Estado, que não pertence ao governo A ou B, permaneceram à margem disso.”

– O senhor sabia das discussões sobre um possível assassinato do presidente Lula e do vice Alckmin? “Acho essas questões totalmente fora do contexto. Essa investigação da PF, que levou praticamente dois anos, é um escarafunchar de conversas de WhatsApp e de algumas mensagens de e-mails trocados. A gente nunca sabe o contexto em que isso foi efetivamente tratado. Os que estão indiciados, me parece um grupo pequeno e que não tinha a mínima condição de executar aquilo que em tese estaria dito que eles iriam executar. E também me chama a atenção a questão de que eles diziam ‘vamos ter armas, mas vamos matar por envenenamento’. Então para que ter arma? São coisas surreais, na minha visão. Eu desconhecia toda e qualquer conversa nesse sentido. Eu sabia que havia reuniões no Palácio da Alvorada depois do segundo turno, na época o presidente com os comandantes, o Braga Netto, mas desconheço os assuntos.”

– O senhor participou? “Nenhuma vez fui chamado para reunião dessa natureza.”

– Seu nome é citado no inquérito como possível participante de reuniões para tentar combinar a saída de Bolsonaro. “Para mostrar mais uma vez a total falta desconexão dessas conversas de uma realidade. Eu nunca participei de nenhuma reunião, minha agenda é pública, basta consultar. Aí, dois malucos resolvem ter uma conversa sem pé nem cabeça, e um resolve citar o meu nome, só posso dizer isso. Tanto que eu nem dei bola para isso.” As informações são do jornal O Globo.

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