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Brasil Identificação com Bolsonaro agrada, mas também preocupa a cúpula militar

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O militar afirmou que as exonerações de servidores de governos anteriores deveriam ser analisadas caso a caso. (Foto: Luiz Chaves/Palácio Piratini)

A folgada dianteira de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pela Presidência criou um dilema para a cúpula das Forças Armadas. O prestígio dos militares num eventual governo do capitão reformado do Exército atingirá níveis inéditos desde a redemocratização de 1985, o que preocupa oficiais generais das três Forças ouvidos pela reportagem, cientes de que essa militarização pode se voltar contra a instituição.

O risco identificado tem duas vertentes. Primeiro, as Forças Armadas vão virar vidraça, e iniciativas de Bolsonaro que possam remeter a políticas da ditadura militar (1964-85) ou a sugestões polêmicas acabarão na conta da instituição automaticamente. Discussões tópicas como aumento de salários serão vistas como favorecimento.

Visando criar salvaguarda, a Defesa negociou com Bolsonaro a manutenção da equipe que faz a interlocução do ministério com o Legislativo. Assim, acredita, será possível marcar posições distintas das defendidas pela bancada governista, se necessário. A eventual inclusão de militares em uma reforma da Previdência seria alvo de tal lobby.

Outro ponto nevrálgico é a agenda da área de segurança pública que deverá ser apresentada ao Congresso se o deputado do PSL for eleito. Um general se diz preocupado com o que chama de generalização nas manifestações de Bolsonaro sobre o tema. Na semana passada, por exemplo, o candidato defendeu a isenção de julgamento a PMs que matam em serviço.

O Exército demorou anos para emplacar a lei que transferiu da Justiça comum para a militar o julgamento de soldados que matam em ação nas operações de Garantia da Lei e da Ordem. A Força foi alvo de inúmeras críticas. Para o general, além de incorreta juridicamente, a sugestão bolsonarista dá a entender à população que os militares querem carta branca para matar, e não o que consideram segurança jurídica.

Falas desastrosas, especialidade no campo bolsonarista, estão no radar. No domingo (21), causou ruído a divulgação do vídeo de um dos filhos de Bolsonaro, o deputado reeleito Eduardo, dizendo que seria possível fechar o Supremo Tribunal Federal apenas com “um soldado e um cabo”.

Na semana passada, o Judiciário já havia sido alvo de um general eleito deputado. Colocações como a do vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão (PRTB), sugerindo intervenção militar preocupam por serem bem recebidas especialmente nas camadas médias e baixas do meio militar.

O outro ângulo do risco é mais prosaico. O eventual fracasso de um governo associado aos quartéis poderá se refletir na boa imagem que as Forças têm junto à população. Segundo o Datafolha mediu em junho, 78% dos brasileiros dizem confiar nelas, o maior índice entre dez instituições apresentadas.

A militarização de um governo Bolsonaro é uma de suas bandeiras. Além de ele mesmo, seu vice é um polêmico general de quatro estrelas que só deixou a ativa neste ano. Além disso, já anunciou outro oficial do mesmo nível hierárquico, Augusto Heleno, como seu nome para o Ministério da Defesa. Outros três ou quatro generais deverão ocupar a Esplanada que o deputado promete reduzir das atuais 29 para 15 pastas.

Ponte com o Judiciário

A campanha conta com outros oficiais de alta patente, a começar por Heleno e Mourão, egressos do Alto Comando e com boa interlocução. Outra ponte está estabelecida com o Judiciário. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, assumiu em setembro e levou para sua assessoria pessoal o general Fernando Azevedo e Silva, que tem ótimas relações com Mourão e Heleno.

Para críticos, a impressão é de interferência indevida. Já apoiadores veem no movimento uma linha direta para momentos turbulentos. Se ponderam sobre essas questões, os militares ouvidos concordam que Bolsonaro é o candidato do meio. Após 33 anos de recolhimento pós-ditadura, oficiais não escondem satisfação pela deferência pública.

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https://www.osul.com.br/identificacao-com-bolsonaro-agrada-mas-tambem-preocupa-a-cupula-militar/ Identificação com Bolsonaro agrada, mas também preocupa a cúpula militar 2018-10-22
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