Terça-feira, 05 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 16 de novembro de 2018
O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que, se já estivesse no comando do Executivo federal, exigiria dos profissionais cubanos que integram o programa Mais Médicos um “Revalida presencial”. Ele se referia ao exame nacional exigido por formados no exterior que pretendam exercer a medicina no Brasil.
“Se fosse presidente, eu exigiria um Revalida presencial”, ressaltou a um grupo de repórteres nessa sexta-feira, durante evento no Rio de Janeiro. “Assistir o médico a atender o povo, porque o que temos ouvido são muitos relatos de verdadeiras barbaridades. Não queremos isso para ninguém.”
Na última quarta-feira, as autoridades de Havana anunciaram o encerramento do convênio por meio do qual os profissionais formados na ilha caribenha participam da iniciativa no Brasil desde o governo da então presidenta Dilma Rousseff (2011-2016).
Em nota divulgada pelo Ministério da Saúde de Cuba, a decisão foi atribuída aos questionamentos feitos por Bolsonaro no que se refere à qualificação dos médicos da ilha. Também pesou no rompimento o anúncio feito pelo presidente eleito de que pretende modificar o acordo, exigindo revalidação de diplomas no Brasil e contratações individuais.
O presidente eleito voltou a falar que também exigiria o repasse direto e integral do salários aos profissionais cubanos. “A situação é de praticamente escravidão a que estão sendo submetidos os médicos e as médicas cubanos do Brasil. Já imaginou confiscarem 70% do seu salário?”, afirmou o presidente eleito.
Diferentemente do que acontece com os médicos brasileiros e de outras nacionalidades, os cubanos do Mais Médicos recebem apenas parte do valor da bolsa paga pelo governo do Brasil. Isso porque, no caso do país caribenho, o acordo que permite a vinda dos profissionais é firmado por meio da Opas (Organização Panamericana de Saúde), e não individualmente com cada médico.
Pelos termos ainda vigentes do contrato, o governo brasileiro paga à entidade internacional o valor integral de cada salário e essa quantia é então repassada às autoridades de Havana. Essa, por sua vez, paga uma parte aos médicos (cerca de um quarto) e retém o restante.
Polêmica
Bolsonaro falou sobre o caso em visita ao 1º Distrito Naval, no Rio de Janeiro. Acompanhado do comandante da Marinha, almirante Eduardo Leal Ferreira, o presidente eleito respondeu apenas à primeira pergunta dos jornalistas sobre o Mais Médicos.
Ao ouvir o segundo questionamento, ele desconversou. “Como o assunto saiu da área militar, quero agradecer a todos vocês”, declarou, deixando o local.
Sobre outras pautas, Bolsonaro limitou-se a comentar que ainda não conversou com o futuro “superministro” da Economia, Paulo Guedes, a respeito da proposta de dividir com os governos estaduais o valor arrecadado no próximo leilão de poços de petróleo.
Bolsonaro confirmou, ainda, que o comandante da Marinha havia sido convidado a assumir o Ministério da Defesa. O oficial, no entanto, recusou o convite por razões familiares e o escolhido para o seu lugar foi o general Fernando Azevedo Silva.