Por Redação O Sul | 2 de maio de 2025
O empresário Joesley Batista, acionista da J&F, negocia a compra de ativos pessoais pertencentes ao banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, e uma parte da fatia que não interessou ao Banco de Brasília (BRB) na operação com o Master. As negociações estariam bastante adiantadas. Fontes do mercado afirmam que a J&F pretende fazer uma proposta pelo Credcesta e pela carteira de precatórios do Master por meio de um de seus ativos financeiros, o PicPay ou o Banco Original.
O banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual, também é um dos interessados nesses ativos. A venda do Master ao BRB ainda depende de aprovação do Banco Central.
Uma provável compra de alguns ativos do Banco Master por Joesley inclui também ativos pessoais de Vorcaro, como imóveis e participações em empresas — são os ativos que ficam de fora da transação entre o BRB e o Master. O Credcesta, talvez o mais vistoso negócio do banco de Vorcaro, ficará com o BRB, se o negócio fechar de fato.
Joesley tem como “sócio minoritário” dessa operação Renato Azevedo, dono da Latache Capital. As conversas entre o trio começaram há cerca de um mês, no fim de março, logo após o anúncio da compra de 49% do Master pelo BRB.
Na verdade, essa é uma segunda tentativa de Joesley e Azevedo fecharem algum negócio com Vorcaro: no ano passado, houve algumas reuniões com esse objetivo que resultaram em nada. Na ocasião, Vorcaro ainda tinha alguma folga para recusar ofertas. Agora, o banqueiro tem pressa. O Master tem alguns bilhões de reais de CDBs que vencem no curto prazo.
A minuta do contrato já está pronta. Mas só será assinada quando as outras pontas que envolvem o Master estiverem amarradas. Numa palavra, o BC quer que o caso do Master seja resolvido por inteiro.
O que significa dizer que ao BC não basta apenas que os “ativos bons” do banco de Daniel Vorcaro sejam comprados pelo BRB. Mas que os “ativos problemáticos”, entre precatórios e participações em empresas, estejam também resolvidos.
Em pleno feriado do Dia do Trabalhador, o presidente do Banco Central, Gabriel Galipolo, marcou uma reunião com Joesley Batista na sede do Banco Central. A família Batista é dona do PicPay e do Banco Original. Os diretores do BC Gilneu Francisco Astolfi Vivan (Regulação) e Ailton de Aquino Santos (fiscalização) também estavam presentes. O BC se limitou a informar que o encontro tratou de “assuntos institucionais”. A J&F não se posicionou oficialmente sobre a pauta.
Seja com Joesley, seja com o BTG — que continua negociando com Vorcaro — ou seja com o FGC, que também está no jogo. André Esteves, dono do BTG, quer comprar precatórios do Master e trabalha para ser o liquidante privado do banco de Vorcaro. A propósito, Esteves e Joesley têm conversado sobre o andamento das conversas de ambos com Vorcaro nos últimos dias.
Saiba mais
O Credcesta é um cartão de crédito consignado para servidores que começou na Bahia e, adquirido pelo Master na gestão Rui Costa no governo do Estado, se espalhou para o país. A aquisição, pela J&F, viabilizaria um antigo interesse do grupo de ampliar a presença do PicPay no crédito consignado, mas colide com o interesse do Banco de Brasília (BRB) no negócio.
Já a carteira de precatórios do Master, registrada no balanço do banco de 2024 em R$ 8 bilhões, poderia vir a ser valorizada pelo pagamento previsto pelo Tesouro a partir de julho. A ordem de pagamentos dessas dívidas, contraídas por municípios, Estados e pela União, será definida em diversas instâncias do Judiciário, dos Tribunais Regionais Federais ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas, principalmente pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
