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Tito Guarniere Mentiras e mito

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Presidente voltou a mencionar relatório que, mesmo sem prova, sugere menos óbitos por covid que a estatística oficial. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Os governantes mentem. Seja para enaltecer as próprias realizações, ou para depreciar os adversários, os governantes anteriores. Mentira e política são irmãs siamesas. Pode haver mentira fora da política, mas não há política sem mentira. Os atores do grande jogo precisam o tempo todo lançar cortinas de fumaça, capazes de embaraçar e confundir os olhos do distinto público.

A favor deles, os políticos e governantes, está o fato de que – sejamos francos – todos mentem um pouco, ou muito. O que é o marketing, a propaganda, senão uma manipulação dos nossos desejos e vontades – truques manjados mas eficazes, para o fim de nos convencer que a escolha de uma marca, de um produto, nos fará felizes, bem considerados e bem sucedidos? O que é um romance, um filme, a arte da ficção, o relato de algo que não aconteceu, e portanto uma mentira, como sugere o ganhador do Nobel de Literatura, o peruano Vargas Llosa?

Mas na linha de frente da mentira, a mentira elevada ao estado da arte, estão definitivamente os políticos, os governantes e os seus seguidores. Toda militância política, de direita ou de esquerda, implica em um exercício incansável de confirmação de suas crenças e convicções, da verdade particular de cada um. O jogo é bruto, os adversários também mentem e não há alternativa: a mentira é uma necessidade, uma tática, uma estratégia, uma arma.

Eles, governantes e políticos, não têm como escapar da mentira, para se atribuir um mérito que não têm, esconder as próprias falhas e contradições, aumentar e agregar valor aos defeitos dos adversários, distorcer ou ignorar contextos, misturar acessório com o principal.

No uso da mentira como arma política, ninguém bate Bolsonaro, seus auxiliares e seus exaltados seguidores. Na CPI da Covid, uma fila inteira desses bolsonaristas de raiz se superou na arte de impostura – difícil saber quem mentiu mais, Fábio Wajngarten, Pazuello, Queiroga, Mayra Pinheiro (a capitã Cloroquina). As imposturas, repetidas à exaustão, “ganham vida própria” e foro de verdade, se espalham pelo mundo, enganando os trouxas, que não são poucos, dando força e incentivo aos mentirosos para mentir e continuar mentindo.

Ou eles mentem de forma combinada, ou eles acreditam nas próprias barbaridades. Às vezes, a impressão que dá é que eles terminam – resolutos como são – por acreditar nas próprias palavras. “Mentem de maneira tão pungente que acho que mentem sinceramente” (Affonso Romano de Sant’Anna).

Faltou pouco para dizerem que foi Bolsonaro quem trouxe a vacina para o Brasil, contra a vontade de governadores, prefeitos e autoridades da saúde; que jamais fizeram apologia de kits de tratamento precoce, ou da cloroquina e da ivermectina; que a atuação do governo federal na pandemia foi um exemplo para o mundo.

O governo mente por prazer, conveniência e método. Os seus simpatizantes de todas as matizes são mitômanos. Está no dicionário: mitômanos são aqueles que acreditam nas próprias mentiras, e que são muito mais numerosos do que possamos imaginar. Mitômanos…é daí que vem a referência ao “Mito”.

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