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Tito Guarniere Militares se preparam para a guerra

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De acordo com o tribunal, existem documentos do ministério orientando o uso da medicação, mas o ministro, desde o dia 18 de janeiro, passou a dizer que não orienta o tratamento precoce. (Foto: Tânia Rego/Agência Brasil)

Os generais e coronéis, da ativa e da reserva, podem ocupar cargos nas repartições civis, desde que não as militarizem, inchando-as de militares, e que certos cargos, dado o conhecimento que exigem, sejam preenchidos por especialistas, gente da área.

A nomeação do general da ativa Eduardo Pazuello infringiu as duas regras. Ele praticamente militarizou o Ministério da Saúde e nada sabia antes – e parece não ter aprendido nada até agora – sobre a área estratégica, a mais importante diante da pandemia de Covid-19.

A escolha de Pazuello para a Saúde provocou a tempestade perfeita. É um ministro sem carisma e personalidade e é (acima de tudo?) incompetente. É militar, como o presidente.

Militares são treinados para a guerra. Na sua formação profissional, no seu espírito e na consideração íntima a respeito da existência, a morte “faz parte”, “está na conta”. O pensamento profundo, o inconsciente, sugerem e ditam rumos, decisões e atos.

O fatalismo de Bolsonaro revela o coração endurecido do soldado no combate, o pouco caso diante das mortes – eventos esperados e inevitáveis, perdas de guerra: “todos nós iremos morrer um dia”; “a gente lamenta as mortes, mas é o destino de todo mundo”: “e daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?”.

O descaso quanto à perda de vidas humanas traduz-se, na prática, no tratamento da doença sem a premência que ela requer. Afinal, as pessoas morrem, todos vamos morrer. Então, julgam eles, não há pressa na compra de seringas e agulhas, na compra de vacinas, ou no início da vacinação. Questões cruciais, em meio a uma pandemia devastadora, são encaradas com a mesma urgência do suprimento de uma intendência militar.

A perspectiva de um profissional da saúde, de um médico, é de outra ordem. Quando escolheu a profissão provavelmente pensou, dentre outras razões, de como deve ser gratificante curar e salvar uma mulher, um homem, uma criança. A sua propensão, o seu espírito, no íntimo e nas entrelinhas da sua formação profissional, está a nobre causa de diminuir a dor e o sofrimento dos seres humanos, curar e salvar vidas.

Alguém com empatia pela vida humana teria avistado o perigo, teria se preparado no tempo certo, teria adiantado o expediente para comprar a vacina, única forma de conter a pandemia. Era para lançar o olhar ao redor, ver quem tinha tradição e competência, e fazer apostas múltiplas – naquele momento ninguém poderia saber se alguma delas iria funcionar e quando.

Não foi um erro botar todas as fichas na AstraZeneca-Oxford. E nem o governador João Doria errou ao patrocinar (com estridência desnecessária e interesseira) o convênio do Instituto Butantã com a Sinovac chinesa. Mas não precisava ser uma mente brilhante, um especialista em logística, (como dizem ser Pazuello), para alargar as possibilidades, de tal sorte que, se alguma das opções não desse certo ou demorasse muito, se pudesse dispor de outras. Só o governo central – o governo Bolsonaro – poderia ter feito isso e não fez, por mesquinharia política, imprevisão e ignorância – e porque, no raciocínio de guerra, de toda a maneira as pessoas vão morrer.

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https://www.osul.com.br/militares-se-preparam-para-a-guerra/ Militares se preparam para a guerra 2021-01-23
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