Quarta-feira, 14 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 2 de outubro de 2016
O fim de uma das missões espaciais mais audaciosas da história. Assim foi descrita a última manobra da sonda Rosetta, após 12 anos coletando valiosos dados sobre o Sistema Solar. O aparelho da ESA (agência espacial europeia) colidiu com o cometa 67P/Churyumov-Gersasimenko, terminando sua missão.
A agência perdeu contato com a sonda quando ela entrou no curso de colisão com o cometa em uma altitude de 19 quilômetros. Rosetta foi eficiente até o fim: durante a aproximação, ela coletou informações sobre o gás, a poeira e o plasma que envolvem a superfície do 67P, além de captar imagens dele – os dados foram enviados para a Terra antes da perda de contato.
“A Rosetta fez história mais uma vez”, disse Johann-Dietrich Wörner, diretor da Agência Espacial Europeia. “Hoje celebramos o sucesso de uma missão que mudou o jogo, uma que ultrapassou todos nossos sonhos e expectativas e que continuará o legado da ESA no estudo de cometas.”
Histórico.
Desde que saiu da Terra, em 2004, a Rosetta deu várias voltas ao redor do nosso planeta, passou por Marte e encontrou dois asteroides. Em novembro de 2014, o robô Philae se desprendeu da sonda para pousar no cometa 67P Churyumov-Gerasimenko, tornando-se a primeira criação humana a tocar a superfície de um cometa.
A decisão de terminar a missão colidindo no cometa surgiu a partir do fato de que a sonda e o cometa estavam indo para além da órbita de Júpiter. A distância do Sol dificultaria a recarga de Rosetta, que ficaria com pouca energia para funcionar. Além disso, a velocidade com que chegavam os dados a essa distância era muito lenta: 40 kbps, semelhante à velocidade de conexão discada de internet.
Aventura.
Rosetta acumulou mais de 100 mil imagens e leituras por instrumentos. Isso permitiu analisar de forma inédita o comportamento do cometa, sua estrutura e composição química. Os cientistas acreditam que os cometas sejam restos intactos da formação do Sistema Solar, e os dados acumulados sobre o 67P oferecerão informações extraordinárias sobre as condições que existiam há 4,5 bilhões de anos.
Eles ressaltaram ainda o entusiasmo que a missão gerou pelo planeta. “Levamos ao mundo uma emocionante travessia científica ao coração de um cometa e vimos o mundo levar em seus corações a aventura incrível da Rosetta”, disse Mark McCaughrean, principal conselheiro científico da ESA.
Ainda que a missão tenha acabado, não será o fim da pesquisa. “Os dados da Rosetta serão analisados por décadas”, disse o diretor de voo Andrea Accomazzo.