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Política “Não há por que cobrarem de mim”, diz o ministro Fufuca após derrotas do governo no Congresso

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"[O presidente Lula] sabe do comprometimento que a gente tem com a bancada e com o governo dele", diz o ministro do Esporte André Fufuca. (Foto: Câmara dos Deputados)

Indicado ao governo pelo Centrão, o ministro do Esporte, André Fufuca, considera injustas as críticas que vêm sendo feitas a ele e aos chamados “ministros de bancada” pelas recentes derrotas do governo no Legislativo.

No mais recente episódio, na sessão conjunta do Congresso em 28 de maio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve derrubados seus vetos ao fim da saída temporária de presos, a chamada “saidinha”. Na mesma sessão, os parlamentares mantiveram os vetos do ex-presidente Jair Bolsonaro a mudanças na Lei de Segurança Nacional, o que na prática dificulta a punição de quem divulgar notícias falsas nas eleições.

As derrotas geraram reuniões entre Lula, os líderes do governo no Congresso e o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais. E houve críticas à atuação dos ministros indicados por partidos do Centrão, como Fufuca (PP), Juscelino Filho (União Brasil), das Comunicações; Celso Sabino (União Brasil), do Turismo; e Silvio Costa Filho (Republicanos), de Portos e Aeroportos.

Fufuca, no entanto, nega ter sido cobrado por Lula: “Não há por que ter cobrança, até porque ele sabe do comprometimento que a gente tem com a bancada e com o governo dele”.

O ministro alega que seu partido, o PP, tem entregado votos ao governo em projetos da área econômica. E que as chamadas “pautas de costume” teriam dificuldade para ser aprovadas mesmo se fossem patrocinadas por “um governo com 90% de aprovação”.

Em entrevista ao Valor, Fufuca diz que trabalharia contra a chamada proposta de emenda à Constituição (PEC) das praias, em favor da qual votou quando era deputado, caso recebesse essa tarefa do presidente. E explica por que escolheu o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, ex-ministro da Casa Civil da administração Jair Bolsonaro (PL) e um ácido crítico de Lula e do governo, para ser padrinho de seu filho.

O ministro revela ainda que pretende enviar ao Congresso, em até dois meses, uma nova Lei Geral do Futebol, que deve mexer com as regras de contratos de jogadores e normas das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs).

A seguir os principais pontos:

1) Após a última sessão do Congresso, houve muita cobrança sobre os ministros políticos. Como vê essas cobranças?

Eu não vi essa cobrança. [Em] todas as matérias que o governo precisou do PP, o PP esteve vigilante, esteve ajudando. Nenhuma das grandes matérias econômicas e matérias principais que o governo teve interesse o PP votou contra. Eu acredito que essa cobrança não caiba para a gente.

2) O presidente deu alguma orientação especial ao senhor depois dessa sessão?

A gente tem um diálogo muito franco e sincero com o presidente Lula. Praticamente, de 15 em 15 dias a gente tem algum tipo de conversa. Então, não há por que ter cobrança, até porque ele sabe do comprometimento que a gente tem com a bancada e com o governo dele.

3) Mas teve alguma conversa específica sobre esse episódio?

O presidente sabe do nosso compromisso, não houve esse tipo de cobrança por parte dele.

4) O presidente deveria participar mais da articulação?

Eu acho que ele participa. Ninguém presta atenção quando uma árvore cresce. Ela cresce durante cem anos. Mas, no dia que ela cai, todo mundo presta atenção. A gente está falando que 100% da pauta econômica e da pauta que o governo tinha interesse foi aprovada ano passado. Então, por causa da derrubada de dois, três vetos, estão querendo colocar como se a articulação política do governo não existisse. Não é isso que acontece. A articulação política do governo existe, é presente, atuante, e o presidente Lula também faz parte disso. A grande parte das votações pode ter certeza que o mérito é da articulação dele, do engajamento dele nas questões.

5) A articulação política do Planalto está sendo bem feita?

De minha parte, sempre tive um diálogo aberto, franco. Não tenho motivo para reclamar ou colocar qualquer tipo de culpa.

6) Mas o fato de o Padilha não conversar com o Arthur Lira não prejudica a articulação?

A articulação é feita de várias formas e por vários funcionários. Se há um impedimento com o Padilha, há um diálogo franco com o Rui Costa [Casa Civil], que também faz um bom trabalho em relação a isso. Então, o trabalho acaba se complementando. O que um não pode fazer outro faz. O importante é que dê resultado e vem dando.

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