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Brasil Nascido no Brasil e deportado dos Estados Unidos não consegue ser brasileiro

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Administração Trump intensificou as deportações. (Foto: Shealah Craighead/The White House)

Preso num limbo burocrático e incapaz de falar português, a vida de Paul Fernando Schreiner se adia na casa de família em que mora de favor, em Niterói. Após 31 anos vivendo nos Estados Unidos, criado pelo casal Roger e Rosanna Schreiner no Nebraska, o homem de 36 anos não se reconhece brasileiro, nem o Brasil o reconhece plenamente. As informações são do jornal O Globo.

Mesmo quando mostra a recém-obtida certidão de nascimento emitida num cartório de Nova Iguaçu através do Itamaraty, em que o nome “Paul” some e constam os nomes de seus pais adotivos, o documento não é aceito nos postos do Detran e do Ministério do Trabalho. A rigor, Paul só pode trabalhar na informalidade.

“Tenho oportunidade de me mudar para o Canadá, onde meus advogados já me disseram que eu seria aceito. Eu ficaria mais perto das minhas filhas. Mas se não consigo sequer uma identidade, que dirá um passaporte?”, disse Paul à reportagem.

Protagonista do caso revelado pela revista Época de 4 de fevereiro deste ano, Paul viu pouco avanço desde que foi mandado ao Brasil pelo ICE, o departamento de imigração dos Estados Unidos. O caso não é incomum: crianças estrangeiras adotadas nos anos 1980 nos Estados Unidos não tiveram seus papéis totalmente regularizados pelos pais. Obtêm identidade, cartão de Previdência Social e pagam impostos, mas podem ser deportados caso cometam crimes. A Children Adoptee Campaign estima que até 49 mil adultos possam estar vivendo em situação idêntica à de Paul Schreiner.

Em 2001, o então presidente Bill Clinton aprovou uma lei no Congresso que beneficiava crianças e adolescentes adotados, mas Paul, já com 18 anos e seis meses, não foi beneficiado por ela. Aos 22 anos, teve relações sexuais com uma menina de 14 anos que havia fugido de casa. Ela admitiu em juízo que o sexo entre eles fora consensual, mas isso não o livrou de cumprir dez anos de prisão.

A situação bizarra foi criada por uma estranha mudança de posição do Itamaraty. A Chancelaria já havia recusado a deportação de Paul por duas vezes, em 2004, sob George W. Bush , e em 2017, já na administração Trump, que intensificou as deportações. Entendia que não podia aceitar de volta um brasileiro adotado.

Em 2018, porém, o vice-cônsul geral Rodrigo Otávio Magalhães, então em Los Angeles, aceitou o pedido de deportação, com base numa certidão de nascimento emitida em Nova Iguaçu em que não constava nem os nomes dos pais, nem a cidade natal — aparentemente, essa certidão pró-forma permitiu que ele embarcasse adotado para o Nebraska, em 1988.

Tornada sem efeito pelo cartório de Nova Iguaçu, a certidão foi substituída pela cópia atual, providenciada pelo Itamaraty, em que os pais são Roger e Rosanna, e a cidade natal, Nova Iguaçu.

“Eles dizem que o caso está resolvido. Mas como?”, indaga Paul. “Sei que não deverei voltar aos EUA, pois viramos um país fascista. Mas preciso ir em frente.”

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https://www.osul.com.br/nascido-no-brasil-e-deportado-dos-estados-unidos-nao-consegue-ser-brasileiro/ Nascido no Brasil e deportado dos Estados Unidos não consegue ser brasileiro 2019-06-08
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