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Mundo O coronavírus na Argentina cresce com a chegada do inverno e o governo reverte a abertura da economia, para desespero de quem ficou mais de cem dias confinado

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(Foto: Reprodução)

Os argentinos aguentaram mais de cem dias dentro de casa. No início da quarentena, uma das mais longas do mundo, o país registrava entre 80 e 150 casos por dia. Em junho, o presidente Alberto Fernández até ensaiou uma flexibilização, mas a chegada do inverno foi fatal. O frio aumentou o número de infecções e obrigou o governo a voltar atrás. Após a retomada do confinamento, o clima nas ruas de Buenos Aires é uma mistura de raiva, angústia e incerteza.

No feriado do Dia da Independência, muitos argentinos saíram às ruas das principais cidades do país em marchas e carreatas para protestar contra a volta do confinamento. No dia seguinte, a Argentina registrou o recorde de 3,6 mil novos casos e 54 mortes em 24 horas – pouco diante da tragédia dos vizinhos, mas um número alto se comparado aos primeiros meses da pandemia.

O médico e ex-diretor de ação sanitária da Organização Mundial da Saúde (OMS), Daniel López-Acuña, disse que o clima não ajudou a Argentina. “O isolamento começou nos meses mais quentes. A chegada do inverno aumentou a disseminação do vírus”, afirmou, referindo-se à tendência de maior aglomeração em espaços fechados após o país registrar suas primeiras temperaturas negativas. “O grande problema passou a ser como manter o isolamento por tanto tempo, já que a única coisa que funciona é a redução da mobilidade.”

Não é que a quarentena tenha sido um fracasso na Argentina. O isolamento, que foi levado a sério pela maioria da população, salvou vidas. Hoje, o quadro epidemiológico é menos dramático do que no restante da América do Sul. Por iniciar o confinamento tão cedo – em 20 de março -, o país tem uma das menores taxas de mortalidade por habitante da região – 1.774 mortos e mais de 94 mil infectados. Mas a longa quarentena deixou duras consequências emocionais para a sociedade e ainda mais terríveis para a economia.

“A quarentena foi necessária para evitar uma catástrofe como na Europa. O esquema era fecharmos tudo enquanto o governo fortalecia o sistema de saúde. Mas percebi que isso não foi feito. Não havia novos hospitais, leitos nem nada”, disse Pablo Winokur, pai de dois filhos, de 6 e 2 anos, que ficou três meses confinado em casa.

Segundo ele, os filhos são a maior razão da angústia. “As crianças foram as mais afetadas, porque nós, adultos, podemos sair de casa para fazer compras. Elas não têm chance de socializar”, disse Winokur. “Meu filho mais velho tem pesadelos à noite e muito medo de sair, porque ficou dois meses confinado.”

O trauma é compartilhado por Marta Garcés, aposentada, de 71 anos, que vive sozinha e se diz exausta com o isolamento. “Sou diabética e tenho medo de me contaminar. Respeitei a quarentena. Não vejo meus amigos e minha filha há três meses”, disse. “Mas já não sei o que é pior. Se o coronavírus ou esse confinamento infinito. No começo, apoiei a quarentena do governo. Mas hoje acho que eles não sabem mais o que estão fazendo.”

Embora Fernández ainda tenha apoio de 60% dos argentinos, sua popularidade caiu quase 20 pontos porcentuais em relação a março, início da quarentena. O presidente reconhece o incômodo e tenta conter a irritação da sociedade melhorando a comunicação.

Fontes próximas de um dos ministros mais importantes da Casa Rosada disseram ao Estadão que o governo “entrou em campanha para mostrar que o pior ainda está por vir”, exibindo imagens de hospitais superlotados para reduzir a resistência da população.

Mas será difícil convencer uma população cuja paciência está no limite. “Depois de dois meses trancado em casa, entrei em colapso. Tive um ataque de pânico. Precisei do apoio de um psicólogo, que prescreveu alguns medicamentos”, contou Juan José Domínguez, que mora sozinho em um apartamento pequeno no norte de Buenos Aires. “Acho difícil lidar com a falta de contato social e trabalhar 12 horas em frente ao computador.”

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