Brasil O deputado federal Jean Wyllys disse que teme ter o mesmo fim de Marielle
Por Redação O Sul | 2 de dezembro de 2018
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) disse, em entrevista a Rodrigo Durão Coelho, da revista Carta Capital, que vive com medo por causa de ameaças recorrentes desde que foi reeleito parlamentar. “Eu temo ter o mesmo fim da Marielle Franco, uma amiga que também vivia no Rio de Janeiro e morreu por defender certas causas e incomodar poderosos”, afirmou.
“Chegou-se ao ponto de uma desembargadora – que sabia muito bem o que estava dizendo – afirmar ser a favor de um ‘paredão profilático’ meu, e que eu não valeria a bala que me mataria nem o pano que limparia a bagunça”, lembrou Wyllys. A desembargadora mencionada é Marília de Castro Neves Vieira, do TJ–RJ, que, em novembro deste ano, foi notificada para explicar suas declarações ao Conselho Nacional de Justiça.
Segundo o deputado, ele processou a magistrada, mas não teve resposta do poder público. “Pergunte ao Ministério Público se foi tomada alguma providência. Nada acontece. Sou tratado com desdém ou chacota, mas temo pela minha vida”, declarou.
O parlamentar vem sofrendo muitas ameaças, inclusive de morte.
“Minha saúde é afetada, sim. Percebo que a onda de mentiras que falam ao meu respeito afeta a forma como as pessoas olham para mim. Eu sou honesto! Sou honrado! Sempre fui. Mas eu noto a mudança no olhar das pessoas, com desconfiança. Tudo isso começou com mais força depois do impeachment da Dilma e prosseguiu na campanha eleitoral”, desabafou.
Mesmo com o desgaste emocional, o congressista ressalta que isso não o faria desistir da vida pública.
Proteção
A CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) comunicou ao deputado Jean Wyllys que concedeu a ele medidas cautelares exigindo que o Estado brasileiro o proteja. O parlamentar alegou ter sido alvo de ameças de morte e, por isso, em outubro, entrou com o pedido de proteção no órgão.
Na manifestação, a comissão internacional também pede que as ameaças cometidas contra Jean Wyllys sejam investigadas. O parlamentar divulgou o documento em seu perfil pessoal no Twitter.
Segundo a CIDH, é necessário que o governo “tome medidas para proteger o direito à vida e à integridade pessoal do deputado e investigue as ameaças de morte e a difamação de que ele é vítima através de calúnias e fake news que aumentam sua situação de vulnerabilidade, ao torná-lo alvo do ódio de setores da sociedade”.
No documento, a comissão argumenta que Jean Wyllys se encontra em uma situação de “gravidade e urgência”. “Após analisar exaustivamente as provas documentais da campanha difamatória e das ameaças recebidas pelo deputado, a CIDH concluiu que elas ‘demostram prima fascie que o senhor Jean Wyllys de Matos Santos se encontra em uma situação de gravidade e urgência, posto que seus direitos à vida e à integridade pessoal estão em grave risco’”, diz trecho da nota.
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