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Edson Bündchen O futuro já não é como antigamente

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É importante que nos preocupemos com o futuro, pois é lá que passaremos nossos últimos dias. A frase, além de curiosa e instigante, revela a necessidade que temos em manter um olho no amanhã, mesmo sabendo de nossas extremadas limitações enquanto preditores. Tão contidas, a ponto do lendário ex-treinador de beisebol americano, Yogi Berra proclamar, em tom irônico, que “é difícil fazer previsões, especialmente quanto ao futuro”. Tendo esse contexto limitador em mente, e com a sociedade se defrontando com mudanças oceânicas advindas da pandemia da Covid-19, é prudente observar em que sentido estão se movimentando as placas tectônicas da economia mundial, para ficar apenas em uma das dimensões em profunda transformação.

Especula-se acerca de um novo modelo capitalista, cujo desenho apenas se prenuncia, no qual todos terão que perder um pouco, ou muito, para que haja um equilíbrio geopolítico seguro. Isso, claro, tende a gerar inevitáveis tensões sociais mundo afora. Nessa equação, os pobres, como sempre acontece, sangrarão mais do que os ricos, com as previsões do escritor Jeremy Rifkin adquirindo excepcional atualidade. Para Rifkin, os avanços tecnológicos não serão capazes de criar o número de empregos suficientes, e poderão gerar hordas de desempregados e grande instabilidade social. Nessa visão, a alternativa seria distribuir de modo mais justo os ganhos de produtividade, desafio até agora não resolvido. Além disso, é preciso considerar que o pós-Covid-19, exigirá monumentais programas de apoios sociais e de renda mínima, tudo isso num ambiente de déficits públicos sem precedentes.

Em 2017, o PIB mundial girava em torno de US$ 80 trilhões. Dois terços desse montante sendo gerados pelos dez países mais ricos. Segundo o Banco Mundial, em setembro de 2019, a dívida total do planeta estava perto de um recorde de US$ 253 trilhões, equivalente a algo como três PIBs mundiais. Com o socorro dos governos às empresas e pessoas, nesta atual crise, a relação dívida/PIB mundial poderá chegar a quatro ou cinco vezes! Já antes do início da Covid-19, o Banco Mundial havia alertado que a economia estava no meio de sua quarta onda global de dívida. Há o risco de que a ordem financeira internacional desabe, alertam Inderjeet Parmar e Atul Bhardwaj, ambos da Universidade de Londres.

A ultra alavancagem do moderno capitalismo, ancorada em cada vez mais modernos e complexos modelos matemáticos, será testada em seus limites de confiança, talvez num movimento sem precedentes, desde que os americanos acabaram com a conversibilidade do Dólar em ouro, em 1971. O fato é que o excessivo endividamento de governos e empresas, combinado com os reflexos econômicos da pandemia, poderá gerar alguma forma abrupta de reacomodação dos ativos, com o alongamento forçado dos títulos públicos, especialmente após a injeção monumental de recursos para salvar a economia durante a crise da Covid-19.

Esse olhar mais realista e até sombrio sobre o futuro, se não acalenta a nossa tranquilidade, pode nos ajudar a desenvolver maior acuidade e sensibilidade para aquilo que julguemos como certo, no sentido de garantido e estável. Nessa perspectiva, líderes e dirigentes públicos e privados, com redobrada atenção, precisam exercitar a humildade da eterna vigilância, particularmente em relação à preservação das instituições, da ordem e da boa governança, elementos indissociáveis da paz social, geralmente a primeira vítima quando a economia fraqueja. É preciso, antes de tudo, ter-se a consciência da gravidade do momento e, parafraseando Gramsci, recordar que “quando uma ordem antiga está morrendo e uma nova ainda não nasceu, o mundo se torna um lugar mais perigoso.” E o futuro?

Antes de prevê-lo, melhor construí-lo agora!

 

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