Quinta-feira, 10 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 24 de junho de 2020
Ao contrário de um “certo platô” na notificação de casos de Covid-19 no Brasil, o Ministério da Saúde destacou que houve uma curva elevada na última semana epidemiológica (14 a 20 de junho), em relação ao mesmo período anterior (7 a 13 de junho). A média diária semanal passou 25.381 para 31.009 no período.
“Parecia que a curva estava chegando a um certo platô, e entre a semana 24ª para 25ª, tivemos um aumento de 22%”, aponta Arnaldo Correia, Secretário de Vigilância em Saúde da pasta, em coletiva de imprensa.
A constatação do secretário contraria declarações da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro. Na ocasião, ao citar que a Índia teve sucesso no combate à Covid-19 por utilizar a cloroquina preventivamente, ela disse, sem apresentar dados ou estudos, que o Brasil começou a apresentar queda na curva da doença desde o dia 20 de maio, quando o governo editou a orientação para uso ampliado do remédio.
Questionado sobre a elevação da curva e a expectativa frustrada de se chegar uma estabilização dos casos, o secretário Arnaldo Correia tergiversou.
“Quando a gente fala de chegar no platô, não significa que encerrou. Mas vamos analisando a cada semana epidemiológica”, disse.
Ele destacou que em algumas regiões, sobretudo do Norte, há uma tendência de estabilidade ou queda de casos. Mas, por outro lado, os números no Sul são ascendentes.
Segundo os dados da pasta desta quarta, o país está no segundo lugar do mundo, em termos absolutos de casos e mortes. Por milhão de habitantes, o Brasil ocupa a 13ª posição (5.656/milhão) e 10° em mortalidade (256/milhão de moradores).
Testes
O Ministério da Saúde apresentou nesta quarta a ampliação de seu programa de testes para a Covid-19, que deve chegar a cerca de 46 milhões de pacientes. Segundo a pasta, o número de casos da doença continua a subir no Brasil.
Além disso, segundo o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, dos 46 milhões de testes aplicados no atendimento básico, a metade será do tipo RT-PCR – mais precisos –, e a outra metade, testes rápidos – de anticorpos.
Não mudam as recomendações iniciais de testagem, e pacientes hospitalizados e mortes continuam sendo avaliados para a presença do vírus no organismo.
“Hoje essa testagem está mais concentrada em coleta de 100% dos casos internados com SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave)”, disse Medeiros em entrevista coletiva. Profissionais de saúde e de segurança pública também serão testados ainda que não apresentem sintomas.
Interiorização dos casos
A nova diretriz da pasta é voltada para os municípios do interior, que começam a registrar um aumento no número de casos de coronavírus. Além disso, Medeiros reforçou que mais testes serão expandidos para as unidades-sentinela, que servem como apoio para a vigilância epidemiológica no País.
“Junto à atenção básica, nos centros de atendimento de Covid, coletaremos 100% dos pacientes com síndrome gripal, nos demais serviços de saúde vamos coletar todos os casos de síndrome gripal”, explicou Medeiros.
Síndrome gripal é como são conhecidos os sintomas mais leves da Covid-19, como febre, coriza e tosse. Estes são os sinais presentes em pacientes com quadros leves da doença, que não chegam a ter falta de ar, ou a necessidade de ventilação mecânica.
As amostras coletadas serão levadas para o laboratório central (Lacen) local – todos os Estados e o Distrito Federal têm um destes. Os centros têm a capacidade técnica de análise das amostras, mas caso o laboratório não tiver capacidade de analisar todo o material, ele será levado para uma central de testagem.
Se o laboratório não tiver capacidade de analisar todo o material, ele será levado para uma central de testagem com maior capacidade de análise: na Fiocruz do Rio de Janeiro e do Paraná e o complexo Dasa, em São Paulo.