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Por Redação O Sul | 30 de outubro de 2018
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou, em entrevista à emissora de televisão Fox News, na noite de segunda-feira (29), que está planejando a criação de cidades de tendas para os participantes da caravana de migrantes que pedirem asilo ao país. A caravana atravessa o México com destino à fronteira americana.
“Nós não vamos construir estruturas e gastar centenas de milhares de dólares. Vamos construir boas barracas, onde eles vão esperar. E se eles não conseguirem asilo, eles vão sair.” O protocolo atual diz que os migrantes que realizam uma triagem inicial para conseguir asilo são liberados até que seus casos sejam julgados nas cortes de imigração, o que pode demorar muitos anos.
Trump também disse que aqueles que tentarem entrar nos EUA sem ser por meio do processo legal estarão “perdendo seu tempo”. “Eles não vão entrar.” O republicano ainda voltou a dizer que há pessoas más e membros de gangues na caravana.
Mais cedo, Trump enviou 5.200 tropas para a fronteira com o México. Na entrevista, ele repetiu que os militares estão se dirigindo ao local. Segundo o presidente, os migrantes capturados não serão liberados. “Quando eles forem capturados, não vamos deixá-los sair”, disse. “Se não tivermos fronteiras fortes, não temos um país”, completou.
Na entrevista, o presidente dos EUA ainda acusou seu antecessor, Barack Obama, de separar crianças de seus pais, medida pela qual o republicano foi criticado este ano.
Caravana
Aproximadamente 300 migrantes saíram no sábado de San Salvador em direção à fronteira com a Guatemala, com o objetivo de chegar aos EUA em busca do “sonho americano”.
Os migrantes, que seguem o exemplo da caravana de hondurenhos que saiu no dia 13 de San Pedro Sula, não deram ouvidos ao governo salvadorenho, que na sexta-feira pediu que não colocassem suas vidas em risco viajando de forma ilegal.
“Somos um pouco mais de 300 pessoas, mas esperamos que, ao caminharmos em direção à fronteira, mais compatriotas se juntem a nós”, disse Hernán Quinteros, de 48 anos, sargento na reserva.
A primeira caravana, que já está no México, foi crescendo ao longo do caminho e chegou a mais de 7 mil integrantes.Um segundo grupo, de 1.500 pessoas, partiu de Honduras no dia 23 com a intenção de alcançar a outra caravana e entrar nos EUA. Uma fonte do governo de Honduras disse ontem que mais de 4 mil pessoas que integravam a primeira caravana voltaram voluntariamente ao país.
Para Quinteros, que participou da guerra civil salvadorenha (1980-1992), é “doloroso” deixar seus três filhos, mas ele espera chegar aos EUA porque “é o país das oportunidades”.
Entre as mulheres do grupo está Lorena Cruz, uma mãe solteira de 38 anos que deixa para trás três filhos de 16, 12 e 10 anos, em busca de um futuro melhor para eles. Cerca de 2,5 milhões de salvadorenhos vivem nos EUA, a maioria regularizada.
O presidente americano, Donald Trump, já ameaçou cortar a ajuda financeira a países da América Central e suspender o novo Nafta, recentemente negociado com o México, que não tem conseguido impedir o avanço da marcha.
Os EUA estão cada vez mais preocupados com a situação na fronteira. Em setembro, patrulhas apreenderam 16,6 mil ilegais, 900 pessoas a mais do que em agosto e 12 mil a mais do que no mesmo período do ano passado – um recorde que já coloca a fronteira em nível de “crise”, segundo fontes oficiais.