Segunda-feira, 20 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 2 de agosto de 2018
Em encontro das legendas de esquerda, ocorrido na terça-feira (31), a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, ofereceu ao presidente do PDT, Carlos Lupi, a vaga na chapa como vice de Lula para o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Inicialmente, Lupi pensou que a proposta de Gleisi era brincadeira. Mas quando se deu conta que o convite era sério, Lupi disse à petista que o convite deveria ter vindo há duas semanas – antes da convenção do PDT que carimbou a candidatura de Ciro à Presidência.
Dirigentes petistas admitem que a operação para convencer Ciro não será fácil. No entanto, a dificuldade de Ciro em compor alianças e encontrar um vice podem jogar a favor da estratégia petista em prol da unificação da esquerda.
No desenrolar da pré-campanha, com a indefinição sobre a candidatura Lula, por conta do imbróglio judicial envolvendo a Lava-Jato e a Lei Ficha Limpa, Ciro chegou a ser cogitado para substituir Lula, com o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, como vice. O rumor acabou se dissipando com a confirmação das candidaturas do PDT e do PT.
“Anarquia institucional”
Em entrevista, Ciro Gomes avaliou que o Brasil vive um momento de “anarquia institucional” porque os governantes, na visão dele, por exemplo, têm sido “tutelados por um jovem garoto do Ministério Público que faz e acontece”. Na avaliação do candidato do PDT à Presidência, integrantes do MP têm levado pessoas à “execração pública” e, por isso, se eleito, “organizará a casa” e fará com que os poderes “voltem para a caixinha”.
“Organizar a casa significa restaurar a funcionalidade dos poderes do Estado brasileiro. Voltar para a caixinha é a metáfora de cada um voltar para as suas atribuições institucionais. Porque tudo o que se quer é que o povo fique de fora da jogada”, afirmou.
Questionado sobre se proporá a redução do poder do Ministério Público caso seja eleito, Ciro Gomes disse que não, acrescentando: “Aos técnicos cabe guardar os direitos das minorias, vigiar formalidades. Não podem tutelar o poder político.”
Outros temas abordados pelo candidato:
Prisão após 2ª instância: “[Defendo] desde que corrijamos a estupidez brasileira de dar quatro graus de jurisdição a crimes comuns. Olha a aberração que estamos produzindo no Brasil. […] Sou a favor de que, ao segundo grau de jurisdição, encerrou-se o assunto para crime comum. Hoje temos quatro graus, aí fazemos puxadinhos malucos”.
Redução da maioridade penal: “Se um menino de 17, 16 anos, que já não é mais um menino, comete um crime qualquer, ele é segregado por até três anos. Nós podemos agravar a pena para a reincidência. Isso não tem nenhum problema. Mas não precisa reduzir, porque, na hora que você reduzir, o narcotráfico vai buscar criança de 12. Reduziu para 12, ele vai buscar a de 10 anos”.
Tributo sobre lucros e dividendos: “O mundo inteiro cobra tributos sobre lucros e dividendos empresariais. Só o Brasil e a Estônia não cobram. Eu vou propor cobrar. […] Lucros e dividendos é o seguinte: se a empresa investe, zero tributação. Se ela saca da empresa lucros e dividendos, no mundo inteiro, menos no Brasil e na Estônia, se paga e se paga progressivamente como o Imposto de Renda. É simples de tratar”.
Incentivos fiscais: “Vou cortar todas as despesas que eu achar ociosas. Vou passar uma lupa. […] R$ 354 bilhões, da dona Dilma para cá, foram dispensa de imposto para os ricos, por ano, [ou seja], renúncia fiscal. Eu vou passar uma lupa de um por um, [vou cortar] o que não for coisa absolutamente central para estimular a indústria do país, que será a minha grande prioridade”.
Acordo Boeing/Embraer: “Vai ser desfeito [se for eleito]. A Boeing está fazendo o serviço sujo do Mister [Donald] Trump [presidente dos EUA]. […] A Embraer, com a Força Aérea, desenvolveu o [avião] KC-390, que tem fila de compra de US$ 20 bilhões. Por isso a Boeing tá comprando: para destruir a Embraer. Estão comprando para fechar a Embraer”