Terça-feira, 20 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 13 de julho de 2018
Incrivelmente, o resgate de todos os 12 meninos e seu treinador presos em uma caverna da Tailândia aconteceu sem nenhum problema. Mas no resgate número 11 algo deu errado. Mergulhadores dentro da caverna submersa sentiram um puxão na corda, um sinal de que um dos 12 meninos ou seu treinador iria logo submergir em um dos túneis inundados.
“Puxe!”, ordenou o Major Charles Hodges, da Força Aérea americana, comandante da equipe americana no local. Quinze minutos se passaram, depois 60 e então uma hora e meia. Enquanto os socorristas esperavam ansiosamente, um mergulhador que estava conduzindo o 11º menino pelo labirinto subterrâneo perdeu a corda que guiava os socorristas pela caverna submersa. Com uma visibilidade quase nula, o profissional não conseguia encontrá-la outra vez. Lentamente, ele decidiu voltar no trajeto, se embrenhando dentro das galerias inundadas e procurando pela corda, até que o salvamento pudesse prosseguir. No fim, conseguiu chegar até a saída são e salvo.
“O mundo inteiro estava assistindo, então tínhamos que conseguir. Não havia nenhuma outra chance”, afirmou Kaew, um mergulhador das forças de resgate tailandesas.
Entrevistas com socorristas detalharam os esforços de salvamento, que incluiu pessoas do mundo todo: 10 mil agentes participaram, incluindo 2 mil soldados, 200 mergulhadores e autoridades de 100 governos.
“A parte mais importante do resgate foi nossa sorte. Eram tantas as coisas que podiam dar errado, mas de alguma maneira os garotos conseguiram sair. Ainda não acredito que deu certo”, afirmou o general Chalongchai Chaiyakham, que ajudou nas operações.
Mais de 150 membros da Marinha da Tailândia, usando equipamentos improvisados, conseguiram criar uma rota de fuga. Uma equipe de mergulhadores estrangeiros e tailandeses desafiavam a morte todas as vezes que se embrenhavam pelas câmaras submersas da caverna. De outros países, equipes trouxeram equipamentos de busca: americanos providenciaram a logística, enquanto britânicos exploraram os trechos perigosos. Além de tudo isso, o que mais foi necessário aos socorristas, dizem eles, foi coragem.
Quando as buscas começaram, as distâncias entre os pontos-chave da caverna eram pouco precisas, fazendo as mais básicas deduções dependerem de muitas incertezas. Ainda assim, as autoridades conheciam bem os perigos da caverna de Tham Luang e não por acaso tinham colocado um sinal de que era proibido entrar no lugar durante o período de chuvas, aviso que os meninos e seu treinador ignoraram.
Ao fim da primeira noite depois que os meninos foram descobertos, em 6 de julho, os parentes estavam em êxtase. Uma equipe de mergulhadores chegou 24 horas depois e começou a explorar a caverna por volta das 4h do dia seguinte. Em 25 de junho, Ruengrit Changkwanyuen, um gerente regional da General Motors, estava entre os primeiros voluntários mergulhadores a aparecer na entrada da caverna. Dezenas fariam o mesmo, vindos de Finlândia, Reino Unido, China, Austrália e EUA.
Membros da Marinha tailandesa e mergulhadores voluntários penetraram sem cessar a caverna usando cordas para assegurar sua segurança. Eles encontraram pegadas que indicavam o caminho dos garotos. Em pouco tempo, no entanto, fortes chuvas começaram a cair e mais partes da caverna foram inundadas, dificultando ainda mais o trabalho.
Três mergulhadores tailandeses chegaram a desaparecer por 23 horas durante a operação, até que finalmente reapareceram. Eles estavam tão fracos, por causa da falta de oxigênio, que foram imediatamente levados ao hospital.
No último final de semana, os socorristas estavam ansiosos para agir. A chuva estava de volta nas preocupações da equipe, já que podia comprometer fatalmente o resgate. O nível de oxigênio no local em que os jovens estavam tinha caído para 15%. Com 12%, a situação podia se tornar insustentável.
Depois que os garotos completavam a porção submersa da jornada, o que tomava cerca de duas horas, a continuação era menos trabalhosa, apesar de ainda difícil. Socorristas formaram equipes em diferentes partes da caverna para carregar os garotos em trechos escorregadios, por exemplo. Por três dias, Kaew, mergulhador tailandês, trabalhou junto com seus colegas nesses trechos, carregando os resgatados um por um.
Então, quando tudo tinha acabado, uma bomba de drenagem usada para retirar água das cavernas parou de funcionar. De repente, a água começou a subir até o nível do peito na parte em que Kaew ainda estava, a menos de um quilômetro da entrada. Kaew, que não tinha equipamento de mergulho consigo, conseguiu subir até partes mais altas ao fim do trajeto, para não ser atingido pela cheia súbita.
Foi um fim caótico para o resgate. Muitos mergulhadores e moradores da cidade próxima de Mae Sai viram a cheia de última hora como um sinal de que proteção divina tinha acabado logo depois que todos haviam sido resgatados.