Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 5 de agosto de 2020
O diretor de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, disse nesta quarta-feira (5), que realizar a volta às aulas em países que não controlaram a transmissão de Covid-19 piora o problema.
“Nós todos queremos nossas crianças de volta às escolas”, afirmou durante live para responder dúvidas do público. “Mas abrir as instituições em meio à transmissão comunitária provavelmente vai piorar o problema”.
A líder técnica da resposta ao coronavírus da OMS, Maria Van Kerkhove, declarou que, nesta discussão, é necessário sempre lembrar que escolas não são ambientes separados de seu entorno. “Se houver transmissão na comunidade, essa transmissão vai acontecer no ambiente escolar.”
Ryan apontou que reconhece o preço que os menores estão pagando por essa falta de acesso à educação. “Muitos países usam as escolas como um ambiente seguro para crianças, para garantir acesso à alimentação e prevenir exploração e abusos a elas”, disse.
Porém, acrescentou que retomar o ensino presencial nos países em que o vírus está descontrolado vai gerar uma situação de “abre e fecha”. “[Para reabrir], também são necessárias medidas para reduzir a transmissão no ambiente escolar e protocolos para reagir caso existam casos no local.”
O diretor também avaliou que a reabertura envolve não somente mudanças, mas investimentos para aplicar essa modificações, o que pressupõe gastos.
Os dois afirmaram que as instituições de ensino variam muito entre si, então não é possível oferecer uma receita para reabertura que abranja todas. “Escolas são diferentes pelo mundo. E aquelas para crianças pequenas são diferentes de outras pro Ensino Médio, que também se diferem de universidades e faculdades”, afirmou Maria.
Vulnerabilidade
O diretor do programa de emergências da OMS, Michael Ryan, afirmou ainda que 10% da população mundial foi infectada pela Covid-19 e o restante permanece vulnerável ao vírus.
Ele disse que, de acordo com os estudos sorológicos, o número de pessoas que atualmente tem anticorpos para o coronavírus – ou seja, que já foram infectadas – é relativamente baixo. “Em muitos casos, menor que 10%. Isso quer dizer que, a nível global, 90% ainda está suscetível à doença.”
Durante transmissão online para responder dúvidas do público, Ryan explicava como as pandemias terminam. “Esse vírus continuará criando infecções até que ele se esgote ou então que nós o esgotemos”.
Ele acrescentou que isso mostra que o vírus “ainda tem um longo caminho para queimar”, portanto o conjunto completo de medidas de controle, como testagem e distanciamento social, deve continuar a ser aplicado.
O diretor de emergências acrescentou que casos de uma doença pandêmica continuam a ser registrados por muito tempo depois do surto global, em níveis mais baixos. “É importante notar que o aumento sazonal que temos agora para a gripe são os remanescentes da pandemia de 2009 [de influenza].”