Sexta-feira, 08 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 7 de agosto de 2025
Líderes de partidos do Centrão sugeriram ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que reaja com vigor aos bolsonaristas que o impediram de se sentar em sua cadeira na noite da quarta-feira (6). A ideia é fazer do deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) um exemplo, punindo-o com uma suspensão de mandato.
Dessa forma, Motta demonstraria força e controle da Casa, segundo deputados do Centrão. Conforme os parlamentares do grupo, van Hattem protagonizou uma cena “constrangedora” ao ocupar a cadeira de Motta. Mesmo após a chegada do presidente ao plenário, o deputado do Novo permaneceu no assento por vários minutos e somente se retirou após uma negociação com o líder do PP, Doutor Luizinho (RJ).
A obstrução física fazia parte do motim bolsonarista que ocupava a Mesa Diretora desde a noite de terça-feira (5), em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) devido ao descumprimento de medidas. Os participantes do protesto também defenderam, mais uma vez, anistia aos golpistas do 8 de Janeiro.
Além de van Hattem, a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) esteve na cadeira da presidência por alguns momentos – inclusive com um bebê de colo.
A paralisação dos trabalhos, que afetou tanto a Câmara quanto o Senado, levou Hugo Motta a convocar uma reunião com os líderes partidários, resultando em ao menos quatro horas de tratativas. Ele só conseguiu abrir a sessão com cerca de duas horas de atraso, diante de uma mesa ainda tomada por integrantes da oposição que ainda se recusavam a sair.
Nessa quinta-feira (7), ao chegar à Câmara dos Deputados, Motta armou que “providências serão tomadas até o final do dia” contra os envolvidos na obstrução. A avaliação de líderes do Centrão é que não haverá mobilização dos bolsonaristas caso o presidente decida punir van Hattem.
Justificativa
Em declaração à colunista Bela Megale, de “O Globo”, Van Hattem justificou a resistência. O argumento é de que ele ainda não tinha sido avisado de que todos os membros da oposição que estavam na mesa do plenário tinham aceitado o acordo para colocar fim a paralisação:
“Quando o Hugo Motta chegou à mesa, os deputados ainda estavam sendo informados do acordo firmado. Falei com o Pollon (PL-MS) que também não sabia de nada e decidimos ficar lá mais um tempo. Eu só aceitei sair depois que falei com Nikolas Ferreira (PL-MG) e o Zucco (PL-RS) que estavam costurando a tratativa com os outros líderes do PP, PSD e União Brasil”.
O parlamentar disse, ainda, que com a obstrução dos trabalhos, a oposição conseguiu avançar em duas demandas: o fim do foro privilegiado e a votação da anistia:
“A anistia e fim do foro privilegiado passam a ter apoio do PL, Novo, União PP e PSD. Avançamos em relação à ultima reunião de líderes que não tinha conseguido acordo para votar o projeto da anistia. Agora, todos esses partidos estão juntos. Quando o tema vai ser pautado, depende da próxima reunião de líderes. O nosso objetivo é que seja analisado no plenário semana que vem”. (com informações de O Globo)