Terça-feira, 22 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 21 de julho de 2025
Em meio às crescentes preocupações com as tarifas anunciadas pelos Estados Unidos, um setor em particular aplaude com entusiasmo as iniciativas do ex-presidente Donald Trump. Trata-se do setor agropecuário norte-americano, mais especificamente os pecuaristas, que vão além do apoio às medidas tarifárias e defendem abertamente a suspensão total da entrada de produtos brasileiros, especialmente a carne bovina, no mercado norte-americano.
“A Associação Nacional de Pecuaristas dos Estados Unidos (NCBA) apoia firmemente o plano do presidente Trump de impor ao Brasil com uma tarifa de 50%”, afirmou a entidade em comunicado à CNN.
A NCBA, que representa os pecuaristas dos Estados Unidos desde 1898, declarou que “há muitos anos defende a suspensão total da carne bovina brasileira importada”. Segundo a associação, o Brasil representa um risco sanitário ao rebanho norte-americano e ao consumidor local.
“Uma tarifa de 50% é um bom começo, mas precisamos suspender as importações de carne bovina do Brasil para que possamos conduzir uma auditoria completa”, acrescentou a entidade, em tom enfático.
A NCBA acusa os produtores brasileiros de terem uma “abismal falta de responsabilidade em relação à saúde do gado e à segurança alimentar”. Eles citam, como justificativa, episódios ligados à Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como doença da vaca louca, além do histórico brasileiro com a febre aftosa.
“A falha do Brasil em reportar casos atípicos de EEB e seu histórico de febre aftosa são uma grande preocupação para os produtores de gado dos EUA”, afirma a entidade, reforçando a desconfiança quanto aos controles sanitários brasileiros.
Diante dessas declarações, o governo brasileiro respondeu por meio do Ministério da Agricultura, contestando a narrativa dos pecuaristas norte-americanos. Em nota oficial, o Ministério esclarece que o Brasil nunca teve um “caso clássico” da doença da vaca louca — aqueles provocados pela ingestão de alimentos contaminados, como a farinha de carne e ossos, prática associada ao surto europeu nas décadas passadas.
O que o Brasil registrou foram seis casos considerados “atípicos”, em que a doença ocorre de maneira espontânea, geralmente em animais mais velhos, por mutação natural da proteína, sem qualquer relação com a alimentação do rebanho. “Assim, o Brasil mantém o reconhecimento pela OMSA como país de risco insignificante para a doença desde 2012”, informou o Ministério da Agricultura.
A disputa comercial se intensifica em um momento de alta sensibilidade para o setor de exportação brasileiro, com o mercado americano sendo um dos mais relevantes para a carne bovina nacional. (Com informações da CNN Brasil)