Quarta-feira, 08 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 3 de junho de 2018
A notícia que chegou aos petistas é de que o confinamento em um quarto adaptado como cela na Superintendência da PF (Polícia Federal) em Curitiba (PR) está afetando o humor do ex-presidente Lula. Acostumado a debater política e discursar para multidões, ele está limitado a conversar com os poucos amigos e familiares que fazem visitas semanais – fora as consultas com os advogados.
Um visitante, porém, teve uma surpresa ao abrir a porta da cela no quarto andar da Superintendência da PF. Lula, em pé, contava uma história a um policial que, sentado na beirada da cama do petista, ouvia o relato. A história que retrata o ex-presidente falante, como era de costume, não desmente, porém, que ele esteja com o ânimo abalado. Pessoas do círculo de Lula e também policiais dizem que ele anda irritado.
Amigos aconselharam Lula a pedir transferência para o Complexo Médico Penal, em Pinhais (PR), que abriga outros presos da Operação Lava-Jato. A mudança foi inclusive sugerida pelo ex-ministro José Dirceu em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Dirceu, que já cumpriu pena no complexo, disse que lá o ex-presidente conviveria com outros presos, o que seria bom para ele.
Lula refutou a possibilidade. Não por avaliar que o presídio fosse inadequado, mas porque, ao fazer qualquer solicitação, estaria admitindo a condenação imposta pelos magistrados da Lava-Jato. Em outro gesto simbólico, o ex-presidente recusou-se a receber alimentos de fora da prisão, uma oferta dos familiares e dos advogados. O petista segue a mesma dieta dos outros presos da carceragem.
Com tempo sobrando, Lula dedica boa parte do dia a escrever cartas. Coloca no papel sua avaliação sobre o País e recados a familiares. Entrega a papelada para os advogados, que depois distribuem para os destinatários. O quarto onde o petista vive não fica com a porta trancada. Mesmo assim, Lula só sai de lá para as duas horas de banho de sol, em uma varanda do prédio.
Habeas corpus
Em um só dia, o ministro Edson Fachin, relator dos processos da Operação Lava-Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), negou 35 habeas corpus em nome do ex-presidente Lula. Todos eles foram apresentados por pessoas que não fazem parte da defesa de Lula, mas queriam vê-lo solto.
O mais antigo desses habeas corpus é de 16 de abril, sete dias depois de Lula ter se entregado à PF. O mais recente é de 22 de maio. As decisões foram tomadas na última segunda-feira. Fachin destacou que, embora seja possível qualquer pessoa apresentar um habeas corpus em nome de outra, isso é relevante quando o preso não tem advogado. Esse não é o caso de Lula. Assim, o ministro destacou que “deve ser prestigiada a atuação da defesa constituída” pelo ex-presidente.
O entendimento vigente no Supremo é de que condenados em segunda instância, como Lula, podem ser presos antes de seus recursos serem julgados em Cortes superiores.