Sexta-feira, 17 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 11 de maio de 2017
A presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cármen Lúcia, reclamou do comportamento dos ministros da Corte em relação a ela e à ministra Rosa Weber – únicas mulheres da mais alta Corte do País. Durante debate da sessão plenária de quarta-feira (10), a ministra se queixou de machismo, mesmo sem utilizar essa palavra, ao afirmar que os ministros não deixam as duas falar.
Cármen chamou a atenção de Fux quando ele afirmou que concedia a palavra a Rosa Weber para que ela proferisse o seu voto. “Concedo a palavra para o voto integral (risos)”, disse o ministro, referindo-se a Rosa. “Como concede a palavra? É a vez dela votar. Ela é quem concede, se quiser, um aparte”, retrucou.
Em seguida, a presidente do STF citou um levantamento em tribunais constitucionais onde há mulheres que apontam que as ministras são 18 vezes mais interrompidas do que os homens. Ela contou que foi questionada pela juíza Sonia Sotomayor, da Suprema Corte dos Estados Unidos, se esse hábito também era comum no Brasil. Cármen revelou o que respondeu à colega norte-americana: “Lá (no Brasil), em geral, eu e a ministra Rosa, não nos deixam falar, então nós não somos interrompidas”.
Em sua estreia na presidência do Supremo, Cármen reclamou do machismo, inclusive no Judiciário. “Há, sim, discriminação contra mulher. Há, sim, discriminação, mesmo como em casos de juízas como nós, que conseguimos chegar em condições de igualdade”, declarou.