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Brasil A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, volta a chamar de “retrocesso” a portaria do governo sobre o trabalho escravo

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Raquel Dodge defendeu o prosseguimento das investigações porque, segundo ela, ainda há diligências a serem feitas antes de a PGR decidir pelo arquivamento do caso ou oferecimento de denúncia. (Foto: AE)

Elogiada por integrantes do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) por sua postura diante da portaria do governo federal que mudou as regra de fiscalização do trabalho escravo, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, voltou a classificar nesta terça-feira (24) de “retrocesso” a medida. A chefe do Ministério Público ressaltou a conselheiros do CNMP que a portaria fere as garantias básicas de “dignidade humana”.

A portaria publicada no dia 16 deste mês pelo Ministério do Trabalho altera os conceitos que devem ser usados pelos fiscais para identificar um caso de trabalho forçado, degradante e em condição análoga à escravidão, além de exigir, por exemplo, que o fiscal apresente um boletim de ocorrência junto ao seu relatório.

O texto também determina que para caracterização do trabalho escravo seja constatada a submissão do trabalhador a trabalho exigido sob ameaça de punição, com uso de coação, realizado de maneira involuntária.

A portaria dá ao ministro do Trabalho o poder de inclusão de empresas na chamada “lista suja”, que engloba aqueles que desrespeitam os direitos trabalhistas. A medida polêmica – que se tornou alvo de críticas de categorias ligadas ao Ministério do Trabalho, do Ministério Público e de personalidades como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – foi uma exigência da bancada ruralista da Câmara para assegurar mais de 200 votos dos deputados ligados ao agronegócio contra a denúncia que pode afastar o presidente Michel Temer do Palácio do Planalto.

Como não tem mais dinheiro para negociar, o governo optou por afrouxar em questões delicadas como a escravidão, ignorando as críticas internas e externas contra a medida. Em resposta às críticas, o governo diz que a nova norma “aprimora e dá segurança jurídica à atuação do Estado”.

Na semana passada, Raquel entregou em mãos ao ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, um ofício assinado por ela que reiterava pontos da recomendação do Ministério Público Federal e do Ministério Público do Trabalho para que o governo revogasse a portaria. No encontro com o ministro do Trabalho, a procuradora-geral externou a Nogueira o motivo de o Ministério Público acreditar que a portaria leva o país para um “retrocesso” no que diz respeito à política de combate ao trabalho escravo.

Nesta terça-feira, na abertura da sessão quinzenal do Conselho Nacional do Ministério Público – órgão comandado por Raquel Dodge –, dois conselheiros pediram a palavra para elogiar a iniciativa da procuradora-geral de se posicionar sobre o tema polêmico. Ao responder aos comentários dos dois colegas, Raquel Dodge agradeceu aos elogios e reafirmou sua avaliação de que a decisão do governo Michel Temer é um “retrocesso” no combate ao trabalho escravo.

“Realmente, encaminhei ao ministro do Trabalho a recomendação conjunta assinada pelo Ministério Público Federal e Ministério Público do Trabalho que assinava que a adoção deste conceito de trabalho escravo pela portaria do Ministério do Trabalho viola a lei penal brasileira”, destacou a chefe da Procuradoria Geral da República.

“Eu acrescentei em minha manifestação de encaminhamento um outro argumento que é o que me parece mais substantivo quando estamos falando de enfrentar o trabalho escravo no Brasil: o trabalho escravo fere, sobretudo, a dignidade humana, e não apenas a liberdade humana”, enfatizou.

“Ofensa” à Constituição

Em meio a sua fala na sessão do CNMP, Raquel Dodge afirmou que a portaria do Ministério do Trabalho, além de contrariar o Código Penal, também fere diretamente dois artigos da Constituição.

Ela ainda levantou indiretamente a possibilidade de ingressar no STF (Supremo Tribunal Federal) com uma ação questionando a constitucionalidade da portaria do Ministério do Trabalho. A procuradora observou que embora haja dúvidas sobre a viabilidade de questionar a constitucionalidade de portarias governamentais, uma decisão recente da Suprema Corte abriu precedente para entrar com esse tipo de ação.

Na última quinta-feira (19), o partido Rede Sustentabilidade pediu que o Supremo declare inconstitucional a portaria do governo Temer que mudou as regras para fiscalização do trabalho escravo. Na ação, a legenda oposicionista afirma que houve desvio de poder na edição da medida.

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https://www.osul.com.br/procuradora-geral-da-republica-raquel-dodge-volta-chamar-de-retrocesso-portaria-do-governo-sobre-o-trabalho-escravo/ A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, volta a chamar de “retrocesso” a portaria do governo sobre o trabalho escravo 2017-10-24
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