Domingo, 11 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 9 de março de 2021
Milhares de mulheres caminharam na segunda-feira (8) em protesto até a sede do governo mexicano. Algumas estavam com os filhos e outras carregavam maçaricos, tacos e martelos, preparadas para um confronto que pudesse forçar o país a enfrentar a forte violência contra as mulheres.
Os protestos do Dia Internacional da Mulher foram impulsionados pela raiva contra o presidente Andrés Manuel López Obrador, que apoiou por algumas semanas o ex-senador Félix Salgado Macedonio, acusado de estupro por diversas mulheres em um país que sofre com uma das maiores taxas de violência de gênero no mundo. Apesar das divisões internas no partido governante a respeito do problema, López Obrador apoiou o político antes das eleições de junho deste ano.
Enquanto as manifestantes se organizavam ao redor do palácio nacional — residência de López Obrador e sede oficial do governo — o ímpeto delas estava focado na cerca de metal que foi erguida para proteger o prédio de ser invadido. Mulheres que usavam balaclavas pretas derrubaram parte da barricada ao mesmo tempo em que a polícia lançava granadas de atordoamento, o que gerou pequenos desmontes dos grupos.
Ao menos 62 policiais e 19 civis ficaram feridos, de acordo com as autoridades de segurança da Cidade do México.
Embora López Obrador tenha apresentado sua presidência como parte de um movimento populista para erguer os marginalizados do México, as ativistas afirmam que o presidente, na realidade, tem ignorado as necessidades de metade da população. Obrador insistiu que seu governo está comprometido com a igualdade, mas críticos argumentam que pouco tem sido feito sobre violência contra a mulher durante seu tempo no poder.
Em quase dois anos de mandato de López Obrador, as taxas de violência de gênero não mudaram significativamente. No ano passado, 10 mulheres por dia morreram em média no México e foram registrados 16 mil casos de estupro. Uma investigação do site Animal Politico descobriu que, entre 2014 e 2018, apenas 5% das agressões sexuais, incluindo estupro, foram sentenciadas criminalmente.
É esta impunidade que incomoda as feministas mexicanas e fez com que alguns grupos encontrassem na violência uma forma de chamar atenção do país para suas demandas.
“Lutamos hoje para não morrer amanhã”, cantavam as mulheres enquanto caminhavam em direção ao palácio. Outras gritavam: “A culpa não era minha, nem de onde eu estava, nem do que eu vestia”.
Durante o fim de semana, as ativistas escreveram nas barricadas o nome de mulheres que foram assassinadas por seus maridos, noivos e pretendentes.