Quinta-feira, 28 de março de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Edson Bündchen Quando Harari Chorou – Terceira e última parte

Compartilhe esta notícia:

Historiador Yuval Harari. (Foto: Divulgação)

Nos dois últimos artigos, fiz uma breve retrospectiva acerca das previsões dos consagrados pensadores Peter Drucker, Alvin Toffler, John Naisbitt e Patrícia Aburdene, contrastando a visão desses autores com os mais recentes alertas do historiador Yuval Harari sobre os riscos para um futuro próximo. Harari enxerga o amanhã com muito pessimismo e isso pode não ser apenas uma questão de personalidade cética do escritor israelense.

São três, na visão de Harari, as grandes questões a assombrar o futuro da humanidade: a ausência de uma governança para a Inteligência Artificial – IA, a ameaça ainda presente de um conflito nuclear e a falta de coordenação global na questão ambiental. Nos três grandes temas, nosso País, ou tem problemas, ou é irrelevante.

O primeiro obstáculo e que afeta diretamente nosso status junto aos países desenvolvidos é o gravíssimo atraso na corrida tecnológica. Exportamos muitos dos nossos melhores cérebros e não conseguimos desenvolver tecnologia de ponta para enfrentar a emergente indústria 4.0. Nossas avaliações do ensino básico e médio são terrivelmente deficitárias e decorrem de uma série de equívocos nas políticas educacionais. Esse quadro nos coloca em flagrante desvantagem na discussão sobre a ausência de governança na questão da IA. Se não conseguimos embarcar no trem, de que forma poderemos ajudar a dirigi-lo? É preciso uma ampla reestruturação neste setor, a começar por uma nova mentalidade de ensino, menos ideológica e mais integrada ao mundo.

No tabuleiro nuclear, somos atores menores, sem influência geopolítica ou militar à altura de alguém capaz de interferir numa discussão que ocorre num clube extremamente fechado, cuja entrada depende de uma complexa teia de interesses geopolíticos. Fazer parte desse clube, entretanto, não é uma questão trivial. Tomemos por exemplo, as pressões e retaliações que a Coreia do Norte e o Irã vêm sofrendo devido aos seus respectivos programas nucleares. Por uma combinação de incapacidade técnica, econômica, conveniência e bom senso, nosso País sempre defendeu a diminuição do arsenal nuclear, sendo reconhecido como uma nação pacífica. Ficar fora desse restrito grupo, todavia, é politicamente desvantajoso quando em discussões de caráter estratégico, a considerar nossos mais de 200 milhões de habitantes, a quinta extensão territorial do planeta e o sétimo PIB mundial.

Por fim, o terceiro e talvez maior problema que o mundo enfrenta atualmente: a causa ambiental. Dotado de um extraordinário patrimônio natural, o Brasil adquiriu relevância destacada nos últimos anos por adotar excelentes práticas ambientais, atuando em conjunto com orientações dos pactos mais avançados na área. Contudo, a julgar pelas posições do atual governo nas grandes discussões sobre o tema em fóruns internacionais, estamos optando por nos tornarmos menores num segmento onde temos uma vocação natural para a grandeza. Essa vantagem competitiva que o nosso País detém na questão ambiental, poderia, caso houvesse uma estratégia inteligente, equilibrar melhor o déficit comparativo com outras áreas e posicionar com destaque nossos interesses junto ao mundo, isso sem considerar toda a riqueza potencial a ser sustentavelmente explorada.

 

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Edson Bündchen

Copo Meio Cheio
Quando Harari Chorou – Parte 2
https://www.osul.com.br/quando-harari-chorou-terceira-e-ultima-parte/ Quando Harari Chorou – Terceira e última parte 2019-12-19
Deixe seu comentário
Pode te interessar