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Notas Brasil Real tem a 3ª maior desvalorização frente ao dólar entre moedas sul-americanas nos últimos 10 anos; entenda

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Em setembro de 2013, era possível comprar US$ 1 com aproximadamente R$ 2,30. Hoje, é preciso desembolsar quase R$ 5. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Entre as principais moedas sul-americanas, o real teve o terceiro pior desempenho em relação ao dólar nos últimos 10 anos. De acordo com um levantamento da consultoria financeira L4 Capital e dados da plataforma financeira Investing, a moeda nacional perde apenas para o peso argentino e o peso uruguaio.

Na janela de referência, o peso argentino teve uma desvalorização de 98,37% de 2013 para cá — um reflexo da severa crise econômica que o país enfrenta há anos e que tem feito derreter o valor de sua moeda. Na esteira da crise argentina e com problemas próprios de inflação, o peso uruguaio teve um recuo de 70,24% no período.

Já o real perdeu 54% de seu valor em relação ao dólar. Isso significa que os turistas brasileiros e as empresas que dependem de contratos feitos com base na moeda norte-americana sentiram o valor pago em suas transações mais que dobrar durante o período.

Ranking 

Veja abaixo o ranking da desvalorização das principais moedas sul-americanas em 10 anos, a partir da queda no preço de cada moeda frente ao dólar:

* Argentina: o peso argentino teve queda de 98,37%;

* Uruguai: o peso uruguaio teve queda de 70,24%;

* Brasil: o real teve queda de 54,04%;

* Colômbia: o peso colombiano teve queda de 51,82%;

* Chile: o peso chileno teve queda de 43,50%;

* Paraguai: o guarani teve queda de 38,72%;

* Peru: o novo sol peruano teve queda de 25,24%;

* Bolívia: o boliviano teve queda de 0,17%.

A Venezuela não pode ser considerada porque o país mudou de moeda nos últimos dez anos. Equador também não entra na conta porque a moeda oficial do país é o dólar, assim como a Guiana Francesa, que usa o euro. Guiana e Suriname não foram considerados no levantamento por falta de dados.

Última década

Os últimos anos no Brasil foram fortemente marcados por dois grandes fatores: a crise de 2015-2016 e a pandemia da covid.

No primeiro caso, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu nos dois anos, confirmando a pior recessão da história do país. Em 2015, a economia já havia recuado 3,8%, e no ano seguinte teve nova retração de 3,6%.

Essa sequência, de dois anos seguidos de baixa, só tinha sido vista no Brasil entre 1930 e 1931, quando os recuos foram de 2,1% e 3,3%, respectivamente.

Em setembro de 2013, início do comparativo, era possível comprar US$ 1 com R$ 2,28. Hoje, é preciso desembolsar quase R$ 5.

Especialistas dizem que há ainda outras razões que explicam a desvalorização da moeda brasileira nos últimos 10 anos e sua manutenção em patamares baixos. Veja:

* Juros norte-americanos;
* Déficit fiscal;
* Dívida pública;
* Instabilidade institucional.

Quanto ao primeiro ponto, Adilson Seixas, CEO da Loara Crédito, reforça que a alta dos juros nos Estados Unidos pesa no valor da moeda brasileira porque há uma migração dos investidores para economias com maior previsibilidade.

Trata-se da mesma dinâmica de preferir aplicações mais seguras e previsíveis, com o bônus de que os juros estão mais altos e vão render melhores retornos.

A expectativa é que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mantenha os juros inalterados, entre 5,25% e 5,50% ao ano na próxima reunião, em 20 de setembro. Esse, porém, é o maior patamar em 22 anos.

Já o déficit fiscal — quando governo gasta mais do que arrecada — pesa no valor do real porque o governo precisa emitir mais dinheiro para suprir os gastos, ampliando o saldo negativo.

“Há mais dinheiro brasileiro circulando no mercado do que moeda norte-americana, o que desvaloriza o preço do real”, explica Rodrigo Leite, professor de finanças do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Nos dados mais recentes, as contas do governo federal registraram déficit primário de R$ 35,9 bilhões em julho — o segundo pior resultado para o mês na séria histórica, iniciada em 1997. E é exatamente o déficit que puxa o terceiro fator que desvaloriza o real: a dívida pública.

Leite, da UFRJ, justifica que o endividamento faz investidores enxergarem o Brasil com dificuldade de honrar com seus compromissos econômicos — e, assim, decidem também vender os reais para comprar câmbio de países mais seguros, derrubando o preço da moeda brasileira.

“A probabilidade de um calote do Brasil com uma dívida como agora, que tem 80% do PIB, é muito maior do que na época que estava por volta dos 50% do PIB, [em 2013 e 2014]”, afirma o professor.

Já quanto a instabilidade institucional, os especialistas justificam que as mudanças políticas recentes — sejam as mudanças de direção na presidência ou as relações ruidosas entre os Poderes da República — trouxeram imprevisibilidade para a cena política e econômica.

Assim, os investidores renovam os receios e voltam a procurar países onde conseguem ter segurança maior sobre as decisões político-econômicas, que podem ou não afetar os investimentos.

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