Segunda-feira, 02 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 31 de maio de 2025
Prefeito do Recife (PE) e novo presidente nacional do PSB, João Campos defende que o ideal para a eleição em 2026 é trazer o centro para perto e não jogá-lo para a direita. O político de 31 anos foi reeleito com 78% dos votos no ano passado numa ampla coalizão e defende que Lula (PT) reedite a frente ampla, com Geraldo Alckmin (PSB) na vice-presidência.
Para isso, diz, é preciso atrair não apenas os partidos de centro, mas segmentos da sociedade não polarizados em torno de uma agenda comum. João Campos defende uma aproximação maior da igreja, do agronegócio e de autônomos – todos setores com os quais o governo tem dificuldade de relacionamento.
Em convenção iniciada na sexta (30) e que vai até este domingo (1), o PSB oficializa o prefeito como presidente nacional do partido, cargo que já foi ocupado por seu bisavô, Miguel Arraes (1916-2005), e por seu pai, Eduardo Campos (1965-2014). Veja abaixo alguns trechos da entrevista que ele concedeu ao jornal Folha de S.Paulo.
– Qual vai ser a prioridade da sua gestão à frente do PSB? “A prioridade é fortalecer o partido em diversas vertentes. É preciso ter uma capacidade de avaliação e de construir uma agenda que gere proximidade com as pessoas, mantendo a essência do PSB, uma luta que sempre foi por igualdade, por justiça social, por inclusão. Mas é preciso ter força eleitoral. Não tenho nenhuma dúvida de que a gente vai ser um partido progressista com maior crescimento nas próximas eleições. Vejo que o PSB tem um nicho muito nítido a ocupar.”
– A gente sabe que o sr. está trabalhando bastante nos bastidores para manter Alckmin como vice na chapa de Lula. Se isso não acontecer, o PSB vai romper com o governo e deixar de apoiar a reeleição de Lula? “Nossa crença é que o presidente não vai mudar o rumo. Essa construção que foi feita em 2022 foi vitoriosa. Eu não tenho nenhuma dúvida que Alckmin reúne todos os atributos necessários para continuar a fazer um grande trabalho pelo Brasil.”
– Vai ser possível reeditar uma frente ampla no ano que vem? “O maior desafio do momento é compatibilizar a governabilidade com o eleitoral. O que está acontecendo é uma disfunção entre a montagem do governo e o que se espelha para uma eleição. Isso não é fácil de ser resolvido, porque precisa ter a governabilidade, mas o que a gente reivindica e sempre defende é que tenha aliados prioritários fortalecidos, porque isso dá uma proteção em um campo programático. O PSB se enxerga como um aliado prioritário e também gosta da recíproca.”
– O sr. acha que Lula deveria ter feito uma reforma ministerial ou já perdeu o timing? “Quem monta ou desmonta um governo é o presidente. É uma atividade que sempre tem o que ajustar, corrigir. Nossa posição nunca vai ser uma posição de chegar numa pressão descabida, de cobrança pública. Não é assim que se faz o governo. O bom aliado pode trabalhar internamente, mas ele nunca vai trabalhar para querer fazer um desgaste público.”
– Questionado se o maior problema do governo seria a comunicação, Campos afirmou: “Não, não é comunicação. O governo é comunicação, política e gestão. Não há um grande culpado, nem um grande salvador. O governo é muito melhor do que a leitura que as pessoas têm dele. As ações positivas não chegam e muitas vezes as ações negativas aparecem. A gente tem uma mudança grande estrutural do Brasil. Essa mudança de muita coisa ao mesmo tempo, eu acho que é o tempero que está fazendo com que as coisas fiquem mais difíceis, irracionais, na política. E o PSB vai ser o partido que vai fazer essa leitura. A gente tem que ter uma agenda para o autônomo brasileiro, por exemplo. Porque existe uma parcela grande da população que pensa assim. A gente tem que entender o que eles pensam para representá-los. Então, acho que essa grande fragilidade que a política tem atravessado é muito porque não está compreendendo que as coisas mudaram.”
“O governo podia ter uma pauta com as igrejas, por exemplo. Quase toda igreja tem um trabalho social. Se o nosso campo trabalha tanto pela formação, pela participação popular, por que a gente não busca uma proximidade maior para entender esse braço social que as igrejas têm tido para chegar onde muitas vezes o Estado não chega? Acho que pode ter mais proximidade. Para isso, não é gritando que você vai fazer, mas é enxergando onde você pode chegar.”
– Quais outros segmentos o sr. acha que tem de aproximar? “É preciso ter um diálogo forte em relação aos grandes centros urbanos, o problema da violência urbana é um grande problema hoje. É preciso compreender nichos do agro e comunicar o que está sendo feito.” As informações são do jornal Folha de S.Paulo.