Sábado, 05 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 2 de maio de 2022
O dólar apresentou mais um dia de forte valorização ante o real, chegando a bater os R$ 5,08, enquanto a Bolsa teve forte queda nesta segunda-feira (2). Os ativos domésticos acompanharam o ambiente de aversão ao risco no exterior, refletindo dados mais fracos de atividade econômica na China e a expectativa de alta dos juros americanos.
Os investidores começaram a semana já no aguardo das decisões de política monetária dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos.
Na cena interna, ainda ganharam destaque a divulgação do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) de fevereiro pelo Banco Central (BC), conhecido como a “prévia do PIB”, e o Boletim Focus, relatório com as projeções do mercado para a economia.
A moeda americana teve alta de 2,60%, negociada a R$ 5,0708, após atingir a máxima de R$ 5,0870. É a primeira vez que o dólar fecha acima dos R$ 5 desde o pregão de 18 de março, quando terminou cotado a R$ 5,0157.
A cotação de fechamento desta segunda é a maior desde o dia 16 de março, quando a moeda terminou o pregão no patamar de R$ 5,0925. No ano, o dólar ainda cai 9,04% ante o real.
O Ibovespa caiu 1,15%, aos 106.639 pontos. Com a nova queda, o principal índice da B3 volta aos patamar de janeiro. O fechamento do dia é o menor desde o pregão do dia 17 daquele mês, quando o Ibovespa terminou na faixa dos 106.374 pontos.
O índice foi pressionado pelas baixas de papéis ligados a commodities. A melhora do desempenho das bolsas americanas na parte da tarde ajudou a arrefecer as perdas.
China
Na China, foram divulgados dados fracos sobre a indústria. O índice de gerentes de compras da manufatura no país caiu para 47,4 pontos em abril, ante os 49,5 pontos registrados em março, em um segundo mês consecutivo de contração, informou o Departamento Nacional de Estatísticas.
“Estamos acompanhando o cenário externo. Os dados chineses negativos e a expectativa por novas restrições refletem demais nos ativos de risco. Temos Copom, com o mercado muito atento ao comunicado, que pode indicar o fim do ciclo de alta dos juros e, com o Fed pesando a mão, diminui o diferencial de juros e o impacto na relação entre dólar e real é grande”, disse o diretor da FB Capital, Fernando Bergallo.
O gerente da mesa de câmbio da Tullett Prebon, Italo Abucater, ainda destaca o movimento de valorização dos títulos do Tesouro americano, os Treasuries, o que indica busca por proteção por parte dos agentes.
“Sazonalmente o fluxo de comodities diminui no mês de maio. Marco e abril prevalecem as safras de soja com bastante entrada de exportação e esse ciclo já praticamente se encerrou. Esse ingresso se reduzindo e com todo o cenário global, apena potencializa a alta do dólar.”
Espaço para correção
Para Bergallo, o patamar de câmbio próximo aos R$ 5 é a nova realidade, após a moeda americana chegar se aproximar da faixa dos R$ 4,60 há poucas semanas.
“A questão da China sempre pesa. Estamos com receios de ter problemas logísticos e a aquele fluxo estrangeiro, que gerou uma valorização do real em um certo momento, estamos perdendo, porque a conjuntura mudou. Depois que o Fed começou a apontar 0,5 ponto percentual de alta para a próxima reunião, veio uma tempestade que penalizou demais o real, e fez com que o fluxo se invertesse.”
Juros
A semana dos mercados é marca por importantes decisões sobre os juros. No Brasil, a expectativa é que Comitê de Política Monetária (Copom) eleve a Selic em 1 ponto percentual. Hoje, a taxa está em 11,75% ao ano.
Já nos EUA, espera-se que o Federal Reserve, Banco Central do país, eleve os juros em 0,50% ponto percentual, para a faixa entre 0,75% e 1%.
Em ambos os casos, o que os investidores mais aguardam são as sinalizações sobre os próximos passos.
No caso brasileiro, a questão é saber quando se dará o fim do ciclo de altas da Selic, que já dura mais de um ano. E no americano, restam dúvidas sobre a velocidade do ritmo de altas e de como se dará o processo de redução do balanço do Fed.
Pressão
As dúvidas sobre o crescimento chinês também pressionaram o preço de commodities e os papéis ligados a esses produtos na B3.
Na semana passada, sinalizações de estímulo à economia por parte de autoridades até deram algum ânimo para ativos do setor de siderurgia e mineração.
Mas como destaca o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, elas ainda não foram suficientes para tirar do radar os receios em relação ao crescimento econômico do País.
“Não é suficiente, porque não temos garantia de quanto tempo, eles vão ficar em lockdown”, disse Cruz.
Ele ainda destaca que a semana repleta de indicadores econômicos intensifica um sentimento mais defensivo nas bolsas, o que ajuda a intensificar as quedas.