Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 16 de novembro de 2020
As eleições municipais de 2020 ficaram marcadas pelo atraso na apuração por causa de um problema técnico no sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Quatro horas depois do encerramento da votação, o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, ainda dava explicações sobre a demora. O panorama foi muito diferente no primeiro turno das eleições municipais de 2016. Naquele pleito, até as 19h do domingo, o resultado já havia sido divulgado em oito capitais, entre vitórias de candidatos e definição da disputa para o segundo turno. Confira abaixo perguntas e respostas sobre o que aconteceu na contagem.
– Por que o resultado dessa eleição demorou mais tempo? Este ano, a forma de apurar os votos mudou. Até 2018, cada um dos 27 TREs computava os votos de seu estado e depois enviava ao TSE. Este ano, ficou tudo centralizado no TSE. Segundo o presidente da Corte, o ministro Luís Roberto Barroso, um dos núcleos de processadores do computador que faz a totalização em Brasília falhou e foi preciso repará-lo, atrasando a totalização e a divulgação dos votos.
– Houve outros motivos para a demora? Barroso disse que o TSE ainda está apurando, mas uma linha de investigação está sendo seguida. Após um ataque hacker ao sistema do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no começo do mês, o TSE, como medida para reforçar sua segurança, desligou um dos dois principais servidores. Com isso, o outro servidor ficou sobrecarregado, levando a alguma falhas, como problemas para justificar a ausência do domicílio eleitoral pelo aplicativo e-Título. Barroso disse que o tribunal ainda está analisando se o desligamento contribuiu para o atraso na contagem. Ele afirmou ainda que, por ser uma novidade, a centralização pode estar na origem da demora.
– A demora foi provocada por um ataque de hackers? Barroso disse que a tentativa frustrada de derrubar o site do TSE no domingo não tem relação com a demora na divulgação dos resultados. “Sofrer ataques não é privilégio de nenhuma instituição. O que tem significado é quando eles surtem algum resultado. O ataque de hoje partiu de computadores do Brasil, dos EUA e da Nova Zelândia, e se chama ‘ataque distribuído de negação de serviço’, com o objetivo de derrubar os sistemas do TSE, o que não ocorreu”, enfatizou.
– Há alguma relação entre o atraso e possíveis fraudes? Barroso garante que não. O único problema ocasionado, disse ele, foi uma demora maior na divulgação dos resultados. Ele refutou também as acusações e as insinuações de que, em razão do atraso e da tentativa de ataque para derrubar o site, colocaram em dúvida a segurança do sistema de votação brasileiro. Barroso lembrou que as urnas não funcionam em rede e que é possível comparar os resultados com o boletim impresso após o fim da votação.
– Por que o TSE decidiu centralizar a apuração dos votos? O ministro Edson Fachin, vice-presidente do TSE, explicou que a principal razão para isso foi uma questão de segurança. Barroso também afirmou que os estados precisavam renovar seus equipamentos de apuração e que, ao fazer tudo no TSE, foi possível ter um custo menor. No sábado, o secretário de Tecnologia da Informação da Corte, Giuseppe Janino, disse que, com a centralização da apuração no TSE, foi possível baixar os custos e reduzir a vulnerabilidade.
– É possível mudar o sistema de totalização no futuro? Fachin disse que a experiência da centralização será avaliada por ele, por Barroso e pelo ministro Alexandre de Moraes. Durante a eleição de 2022, Fachin e Moraes serão respectivamente o presidente e vice-presidente do tribunal.
– A divulgação dos resultados da última eleição municipal, em 2016, foi mais rápida? Sim. Em 2020, até as 20h, algumas capitais ainda tinham menos de 10% das urnas apuradas, como São Paulo, com apenas 0,39%. No primeiro turno das eleições municipais de 2016, até as 19h do domingo da eleição, o resultado já havia sido divulgado em oito capitais. As informações são do jornal O Globo e do TSE .