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Geral Situação na terra indígena Yanomami gera crise interna no governo

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não é possível "perder a guerra" para o garimpo ilegal na região. (Foto: Roseane Yariana/Divulgação)

O rebote da crise humanitária na terra indígena Yanomami tem como pano de fundo uma crise interna no governo. Desde a intervenção realizada nos primeiros dias de 2023, quando imagens de crianças desnutridas ganharam o mundo, o trabalho de resgate de doentes e expulsão de garimpeiros foi perdendo fôlego ao longo do ano, dando origem a trocas de acusações entre os ministérios sobre as atribuições de cada um.

Em reunião ministerial realizada nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que não é possível “perder a guerra” para o garimpo ilegal e prometeu utilizar toda a máquina pública para expulsar os invasores. Acusado por colegas de não ter centralizado a coordenação dos trabalhos, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, anunciou a criação de uma “casa do governo” na região.

A avaliação de alguns ministros, entretanto, é de que a missão continuará sendo muito complicada, inclusive sob o ponto de vista político. Há uma clareza de que praticamente todas as principais lideranças políticas da região têm ligações com o garimpo e que será necessária uma negociação mais ampla em torno do alcance da atividade, com grande peso na economia local.

Outro entrave é a demanda por recursos, tanto financeiros quanto humanos. O atendimento ao território exigiu o uso intensivo de aeronaves durante todo o ano passado, o que nem sempre foi suficiente. Segundo o Valor apurou, aviões tiveram que ser retirados de operação para manutenção, o que comprometeu sensivelmente o envio de alimentos, remédios, profissionais e equipamentos para a região ao longo do ano.

As interrupções no atendimento foram prontamente denunciadas por lideranças indígenas e as queixas respingaram principalmente no Ministério da Defesa e na Casa Civil. Para tentar contornar a crise, o governo anunciou investimento de R$ 1,2 bilhão em políticas públicas. Uma das prioridades é fazer com que órgãos federais intensifiquem as ações de proteção ao povo indígena Yanomami e de combate ao garimpo ilegal.

A fiscalização e a repressão, entretanto, também enfrentam contratempos. O Ibama, por exemplo, não está conseguindo enviar para o território número de servidores que estava planejado originalmente. Os fiscais têm alegado preocupações com a segurança ao rejeitarem a ida para a terra Yanomami.

Responsável pela segurança, a Polícia Federal também tem alertado para a complexidade do trabalho. Seu diretor-geral, Andrei Lopes, disse na quarta-feira à agência de notícias Reuters que o contingente da corporação não garante a expulsão dos garimpeiros ilegais. “Só a Polícia Federal não é suficiente… Não se consegue asfixiar (a criminalidade), por si só, com o trabalho da Polícia Federal”, disse o delegado.

População

Localizado entre Roraima e o Amazonas, o território Yanomami abrange oito municípios e conta com aproximadamente 30 mil indígenas. De acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), os povos Yanomami começaram a ocupar o território entre as cabeceiras dos rios Orinoco e Parimpa, próximo da margem direita do Rio Branco, há um milênio.

Crise humanitária

De acordo com o Ministério Público Federal em Roraima, há registros de subnutrição infantil no território desde 2009. Ainda assim, segundo o próprio MPF, o quadro começou a se agravar em 2017, chegando ao ápice em 2022, último ano do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre 2021 e 2022, cerca de 300 crianças Yanomami com sinais de desnutrição precisavam ser transferidas para atendimento médico em Boa Vista.

“A propagação da malária vinha crescendo gradualmente desde a década passada, mas era considerada controlada, até dar um salto, há cinco anos, acompanhando a evolução da devastação. O volume de casos dobrou entre 2018 e 2021, passando de cerca 10 mil para mais de 20 mil por ano, patamar inédito”, informa o ISA.

No início de 2023, com a troca de governo, foi instituído o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE- 6 Yanomami), coordenado pelo Ministério da Saúde, para ações emergenciais de enfrentamento da crise. No ano passado, segundo o governo, mais de 13 mil atendimentos foram realizados aos indígenas encontrados em grave situação de abandono.

Também houve o controle do espaço aéreo do território, para combater voos clandestinos e, assim, estrangular a principal via de suprimento do garimpo. A Polícia Federal deflagrou 13 operações ao longo de 2023, resultando em 114 mandados de busca e apreensão, 175 prisões em flagrante e R$ 589 milhões em bens apreendidos.

Em entrevista ao portal de notícias G1, o procurador da República em Roraima Alisson Marugal disse ver algum avanço na assistência aos indígenas no último ano, mas que o quadro geral é de “inércia”. Ele ressaltou, ainda, que a falta de atitude pode colocar o governo Lula sob investigação por genocídio, determinada pelo próprio governo para apurar as condutas da gestão Bolsonaro. As informações são do jornal Valor Econômico.

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https://www.osul.com.br/situacao-na-terra-indigena-yanomami-gera-crise-interna-no-governo/ Situação na terra indígena Yanomami gera crise interna no governo 2024-01-11
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