Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 3 de outubro de 2018
Sobreviventes do terremoto seguido de tsunami que atingiu a ilha de Sulawesi, na Indonésia, disseram que estão procurando comida pelas ruas e campos em Donggala, que virou uma “cidade-zumbi” após a tragédia. Autoridades afirmaram nesta quarta-feira (3) que o número de mortos subiu para 1.407.
A agência nacional de desastres afirmou que a maioria dos esforços de resgate e de ajuda está concentrada na localidade de Palu, que o presidente Joko Widodo visita pela segunda vez nesta quarta.
O tamanho da tragédia nas demais regiões continua desconhecido.
O dono de um restaurante afirmou por telefone de Donggala que está sobrevivendo a base de coco. “É uma cidade-zumbi. Tudo foi destruído. Nada sobrou”, afirmou. “Não há água nem comida.”
Outro morador de Donggala afirmou que os sobreviventes estão caçando comida pelas ruas e pelos campos nas zonas rurais.
Yahdi Basma, líder de um vilarejo ao sul de Palu, disse que o presidente não tem noção da extensão da tragédia.
“O presidente não está ouvindo sobre as áreas remotas, só sobre o tsunami e Palu”, disse.
“Há centenas de pessoas soterradas pela lama no meu vilarejo. Não há ajuda de nenhum tipo.
Casal separado se reencontra
Foram dois dias de angústia, procurando nos necrotérios e hospitais, mas finalmente Azwan encontrou a esposa Dewi, que havia sido arrastada pelo tsunami na cidade indonésia de Palu.
Ou seja, uma quase segunda parte do filme “O impossível” (2012), que conta a trágica história real, mas com final feliz, de um casal e seus três filhos separados por um violento tsunami na Tailândia.
Azwan, de 38 anos, conta a história ao lado da esposa em uma pequena barraca instalada à margem de uma estrada. A emoção era visível e ele não conseguia conter as lágrimas.
“Estava tão feliz, tão emocionado. Graças a Deus consegui voltar a encontrá-la”, disse à AFP. Como muitos indonésios, Azwan tem apenas um nome.
Palu, cidade de 350 mil habitantes na costa oeste da ilha de Sulawesi, foi abalada na sexta-feira por um violento terremoto, seguido de um tsunami devastador.
Dewi estava registrando os convidados que participariam em um festival em um hotel quando a terra tremeu. Uma hora depois, a onda gigante atingiu a cidade.
“A onda me acertou com força. Quando retomei a consciência estava na rua, na frente do hotel. Lembro que ouvi as pessoas gritando ‘tsunami, tsunami'”, conta à AFP.
Ela caminhou pelas ruas repletas de escombros e passou a noite em um abrigo.
“Sem comida, sem água”, recorda. “Pediram que aguardássemos até que a situação fosse considerada segura, os tremores secundários não paravam”.
No outro lado da cidade, Azwan estava angustiado. Ele escapou da tragédia com a filha, mas não tinha nenhuma notícia da mulher.
Ele iniciou uma busca que durou quase dois dias, com visitas a necrotérios e hospitais lotados.
“Como não via minha mulher nos sacos (mortuários), retornei ao hospital e verifiquei no necrotério”, recorda Azwan. “Havia uma quantidade gigantesca de corpos. Estava tudo desordenado, uns por cima dos outros”.
No domingo, quando se preparava para aceitar a “vontade de Deus”, a esposa apareceu na casa da família, de moto.
“Quando desceu da moto foi uma euforia”, conta Azwan. “Todos choravam. Os parentes, chorando, a abraçaram”.
Dewi agradece a Deus pela “segunda chance”, mas ainda tem dificuldades para acreditar em tudo.
“Mesmo agora não consigo acreditar que estou viva. Ainda estou traumatizada”, afirma.