Sábado, 18 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 17 de março de 2022
O estudo foi realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais
Foto: ReproduçãoUma pesquisa da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) aponta que os testículos humanos podem servir como “santuário viral” para o coronavírus.
De acordo com o professor Guilherme Mattos Jardim Costa, do Departamento de Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas da instituição de ensino, os órgãos acabam preservando o vírus ativo, já que não são atacados por células de defesa, como acontece com a zika e a caxumba.
“O que nós conseguimos ver é que o vírus encontrado nos testículos dos pacientes analisados estava ativo mesmo depois de mais de 25 dias de internação, o que difere da constatação de que o vírus deixa de ser ativo em cerca de dez dias. A gente chama de ‘santuário viral’, já que o testículo propicia um ambiente imunossuprimido”, explicou o pesquisador.
O estudo começou na segunda onda da Covid-19 em Belo Horizonte (MG), entre janeiro e março de 2021. Onze pacientes, de diferentes idades, não vacinados e que morreram da forma severa da doença, participaram da pesquisa. O vírus foi encontrado nos testículos de todos eles.
Mesmo com o pequeno número de amostras, o professor Guilherme afirmou que é um material muito rico e poucos pesquisadores têm acesso. “Nós fizemos análises muito acuradas, o que dá uma base sólida ao estudo”, disse ele.
As conclusões iniciais da pesquisa foram publicadas em fevereiro na plataforma medRxivum, servidor de distribuição e arquivo on-line gratuito para relatórios preliminares de trabalhos que ainda não foram certificados por revisão por pares e, portanto, ainda não devem orientar a prática clínica. Atualmente, o artigo passa por revisão na Revista Human Reproduction.
A pesquisa ainda mostra que o vírus provoca alterações nos testículos, como a fibrose, morte de células que dão origem aos espermatozoides e redução de até 30 vezes no nível de testosterona.