Terça-feira, 07 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 29 de agosto de 2018
Um juiz convocou nesta quarta-feira (29) a ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner (2007-2015), para que amplie na próxima segunda-feira seu depoimento em uma causa na qual é acusada de ter recebido milionários subornos de empresários durante seu governo e o do seu falecido marido, Néstor Kirchner (2003-2007). As informações são da agência de notícias Efe.
Em uma resolução divulgada pelo Centro de Informação Judicial, o magistrado Claudio Bonadio afirmou que, segundo os elementos de prova incorporada à causa e o declarado pelos acusados, entre eles os chamados “arrependidos”, há “elementos suficientes” para que nos próximos dias se amplie a declaração indagativa de Cristina e outra dezena de acusados.
Entre eles o ministro de Planejamento Federal do kirchnerismo, Julio de Vido (já em prisão preventiva por outra causa), o secretário de Coordenação e Gestão dessa pasta, Roberto Baratta, e Gerardo Ferreyra, da empresa Electroingeniería.
A ex-presidente e atual senadora já compareceu aos tribunais federais no último dia 13 de agosto, onde apresentou documentos nos quais negou ter recebido propinas, se recusou a falar com juiz e o promotor e atacou o atual governo de Mauricio Macri pela “perseguição” que diz estar sofrendo e que acredita buscar sua inabilitação política.
Nesta quarta-feira (29), ao saber da nova convocação do juiz, Cristina, cujos domicílios frequentes em Buenos Aires e no sul do país foram revistados na última semana na busca de provas, voltou a declarar que, com sua situação, se busca esconder a realidade econômica do país, marcada por uma abrupta desvalorização do peso.
“O dólar está por chegar a 35 pesos e Bonadio volta a me chamar para uma indagativa na mesma causa das revistas. São de manual”, escreveu a ex-presidente no Twitter.
Intoxicação
Na segunda-feira (27), a defesa de Cristina Kirchner denunciou que empregados domésticos que foram a seu apartamento de Buenos Aires apresentaram sintomas de intoxicação, dando a entender que pode haver elementos tóxicos no local. O chefe da polícia nega qualquer irregularidade.
Em carta publicada nas redes sociais, o advogado de Cristina, Carlos Beraldi, relatou que os funcionários que fariam a limpeza após a operação de busca no imóvel tiveram “enjoos, forte ardência na garganta e nos olhos e dificuldades para respirar”.
“Depois de terem sido feitos os controles médicos, constatou-se que os sintomas sofridos têm como origem um tóxico de contato, recomendando-se evitar, por todos os meios, uma nova exposição ao mesmo ambiente”, acrescentou o advogado. Além disso, indicou que, por isso, a ex-presidente e atual senadora não voltará para sua residência.
Em resposta, o chefe da Polícia Federal, Néstor Roncaglia, garantiu que, na revista no apartamento de Kirchner realizada na quinta-feira (16), “não se utilizou qualquer agente químico, nem foram deixados tóxicos”.
“Eu, como chefe da Polícia, me ofereço para ir ao apartamento e apreender os ares-condicionados. Agiu-se de acordo com a legalidade, com a presença de duas testemunhas habilitadas que dão conta do procedimento”, afirmou Roncaglia, rejeitando categoricamente que possa haver no local vestígios de algum agente irritante.