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Edson Bündchen Uma ideologia para chamar de sua 

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(Foto: Divulgação)

Há uma intensa discussão que busca demarcar e segregar as fronteiras políticas que caracterizam as noções entre a esquerda e a direita, como se a definição dos tradicionais contornos ideológicos antagônicos fosse capaz de conferir maior clareza ao debate e às ideias em jogo, especialmente pela atuação contemporânea dos seus extremos, cada vez mais polarizados. Nessa tensão de contrários vem à tona a narrativa de uma nova ideologia que se depara com um contexto profundamente diferente de outrora, cujos pressupostos hoje agonizam, insuficientes para abarcar a atual realidade. Incontestavelmente, a sociedade digital está edificando alguns pilares que serão definidores da nova arquitetura ideológica que ora se desenha. A apropriação política e programática dessa inédita ordem ascendente poderá tornar irrelevante a desgastada dicotomia entre esquerda e direita, sugerindo uma arena de pensamento mais dinâmica, integrada e adaptável às questões centrais que afetam a humanidade.

Melhor do que identificar esquerda e direita é saber se estamos pactuando com o atraso ou imaginando um novo amanhã, com abertura, diálogo e entendimento. Para compreender o fenômeno da atual divisão política enfrentada pelo mundo democrático é necessário antes reconhecer a profunda mudança no macroambiente social, cultural e econômico que molda a formação do pensamento pós-moderno. Não é mais possível, com a mesma mentalidade, aproximar realidades cada vez mais difusas, incompletas e imprevisíveis. A propósito, o conhecido   acrônimo VUCA: (volátil, incerto, complexo e ambíguo), que serviu para assimilar as mudanças intermitentes, a partir dos anos 60 do século passado, está sendo superado por um padrão ainda mais movediço. Agora, adentramos ao mundo BANI: (frágil, ansioso, não linear e incompreensível). É sob essa nova macroestrutura nervosa e opaca que  transformações profundas se avizinham, prometendo reconfigurar a forma como vivemos e o modo de distribuição e arbitragem do poder político.

O chamado “globalismo”, termo cuja polissemia a muitos confunde, atacado erroneamente pela ultradireita como sendo uma ideologia do mal, tem em sua matriz original a consolidação de consensos emergentes da sociedade atual. Estrito senso, o “globalismo” agasalhou alguns assuntos para cuja solução e razoável encaminhamento se requer coordenação, articulação e cooperação transnacionais. São desafios imensos que, pela sua amplitude, impacto e complexidade não devem ser tratados localmente, mas a partir de uma difícil e engenhosa concertação mundial. Talvez esse, dentre todos, se afigure como o maior dos obstáculos, uma vez que existem abismos conceituais a serem superados, num ambiente multifacetado e crescentemente tenso. A pauta globalista, ao contrário do que desejam nos fazer crer os arautos do atraso, não é nem deve ser monopólio de alguém. Longe disso, é uma ideia de gênese inclusiva e multilateral, em estreita sintonia com as premissas de equilíbrio, justiça social, respeito à diversidade e à sustentabilidade ambiental. Milhares de anos nos trouxeram até aqui, num aprendizado muitas vezes doloroso, de cujas raízes agora emergem novas agendas, algumas potencialmente devastadoras, caso não tratadas com visão estratégica, diligência e proatividade.

Nesse quadro, a posse de Joe Biden na Presidência dos EUA, não deixa de ser um alento para todos aqueles que acreditam que o mundo deva convergir para maior multilateralismo, em contraste com a xenofobia; para maior integração, em desfavor do isolamento; para mais transigência e solidariedade, em oposição ao individualismo egoísta; para maior consciência dos riscos climáticos, em confronto com a omissão com as gerações futuras. A superação do atual e envelhecido sectarismo político pode começar pela convergência a uma pauta mais transversal, universalista e dialógica, virtudes dessa nova visão que aos poucos emerge sob o signo de uma metaideologia humanizadora, que talvez você queira chamar de sua.

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