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Saúde Veja como a vida moderna está mudando o esqueleto humano

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Uso excessivo de smartphones pode causar problemas graves na coluna e no pescoço. (Foto: Reprodução)

Hoje se sabe que nossos esqueletos são surpreendentemente maleáveis. Embora os esqueletos em exposição nos museus possam dar a impressão contrária, os ossos sob a nossa pele estão muito vivos – são rosados pelo fluxo sanguíneo, e estão em processo de destruição e reconstrução constante.

Portanto, embora o esqueleto de cada indivíduo se desenvolva de acordo com as instruções genéticas em seu DNA, ele pode se adaptar de acordo com as pressões que cada pessoa enfrenta na vida.

Esta constatação levou a uma disciplina conhecida como “osteobiografia” – literalmente, “biografia dos ossos” – que permite analisar um esqueleto para descobrir como o dono vivia. E se baseia no fato de que certas atividades, como andar sobre duas pernas, deixam uma marca, como ossos do quadril mais resistentes.

E estudos recentes parecem não deixar dúvida de que a vida moderna está tendo um impacto em nossos ossos. Há vários exemplos – como a aparição de uma protuberância na base do crânio de algumas pessoas, a percepção de que nossas mandíbulas estão ficando menores e a constatação de que os cotovelos de jovens alemães estão mais estreitos do que nunca.

Se usarem no futuro uma técnica para analisar como as pessoas viviam em 2020, os cientistas também vão encontrar mudanças em nossos esqueletos que refletem nossos estilos de vida.

“Sou clínico-geral há 20 anos e, apenas na última década, observei que cada vez mais pacientes têm esse aumento no crânio”, diz David Shahar, pesquisador da Universidade de Sunshine Coast, na Austrália.

O nódulo ósseo em questão, também conhecido como “protuberância occipital externa”, é encontrado na parte inferior do crânio, logo acima do pescoço. Se você tiver um, é provável que consiga senti-lo com os dedos – ou, se for careca, pode até ser visível.

Até recentemente, esse tipo de protuberância era extremamente raro. Em 1885, quando o nódulo ósseo foi investigado pela primeira vez, o renomado cientista francês Paul Broca achou tão esquisito que sequer tinha um termo científico para tal.

Mas Shahar decidiu investigar. Com a ajuda de um colega, ele analisou mais de mil radiografias de crânios de indivíduos entre 18 e 86 anos – mediu eventuais protuberâncias e observou a postura de cada um deles.

O que os cientistas descobriram foi impressionante. A protuberância era muito mais comum do que eles imaginavam – principalmente entre os mais jovens. A pesquisa mostrou que uma em cada quatro pessoas entre 18 e 30 anos tinha o nódulo ósseo.

Shahar acredita que a presença cada vez maior desta protuberância se deve à tecnologia, particularmente à nossa obsessão por smartphones e tablets.

Pescoço tecnológico”

Quando nos debruçamos sobre esses dispositivos, erguemos o pescoço e inclinamos a cabeça para frente. E isso é problemático, uma vez que a nossa cabeça pesa em média cerca de 4,5 kg – quase o mesmo que uma melancia grande.

Quando estamos sentados com a postura ereta, a cabeça está em equilíbrio sobre a parte superior da nossa coluna vertebral. Mas, à medida que nos inclinamos para usar o celular, nosso pescoço precisa fazer um esforço maior. Os médicos chamam a dor associada a esse esforço de “text neck” (também conhecida como síndrome do pescoço de texto ou do pescoço tecnológico).

Shahar diz acreditar que os nódulos se formam porque a postura curvada gera uma pressão extra no local onde os músculos do pescoço se ligam ao crânio. E o corpo reage criando uma nova camada de osso, que ajuda o crânio a lidar com esta pressão extra e a distribuir o peso.

Uma das maiores surpresas para Shahar foi o tamanho das protuberâncias. Os nódulos maiores mediam cerca de 30 mm.

Evidentemente, a má postura não é uma invenção do século 21. Mas então por que nossos antepassados não desenvolveram protuberâncias no crânio ao se curvar para ler livros?

Uma possível explicação é que passamos muito mais tempo inclinados sobre nossos smartphones, do que uma pessoa passaria lendo.

Por exemplo, em 1973 os americanos liam em média cerca de duas horas por dia. Hoje, no entanto, passamos quase o dobro desse tempo no celular.

Shahar acredita que as protuberâncias modernas nunca desaparecerão. E, na visão dele, vão ficar cada vez maiores.

Segundo ele, é raro que causem complicações por si só. Se houver algum problema, provavelmente será causado por outras maneiras como o corpo compensa nossa postura curvada.

Na Alemanha, cientistas fizeram outra descoberta surpreendente: nossos cotovelos estão encolhendo. Christiane Scheffler, antropóloga da Universidade de Potsdam, estudava medidas corporais de crianças em idade escolar quando observou essa tendência.

Para medir exatamente o quanto seus esqueletos haviam mudado ao longo do tempo, Scheffler analisou quão forte (ou “ossudas”) as crianças eram entre 1999 e 2009. Para tal, calculou seu Índice de Estrutura, que é como a estatura se compara à largura dos cotovelos.

Em seguida, comparou os resultados com um estudo similar realizado 10 anos antes. A conclusão foi que os esqueletos das crianças estavam se tornando cada vez mais frágeis.

Scheffler pensou, a princípio, que a explicação poderia ser genética, mas é difícil de ver como o DNA de uma população pode mudar tanto em apenas 10 anos.

A segunda hipótese era que as crianças poderiam estar sofrendo de má nutrição, mas isso não é um problema na Alemanha.

A terceira explicação possível era que a juventude de hoje é muito mais sedentária.

Para descobrir, Scheffler conduziu um novo estudo – em parceria com alguns colegas desta vez – em que analisou os hábitos diários das crianças, que também usaram um contador de passos durante uma semana.

Os cientistas encontraram uma forte correlação entre a robustez dos esqueletos das crianças e o quanto caminhavam por dia.

É sabido que toda vez que usamos nossos músculos, ajudamos a aumentar a massa dos ossos que os sustentam.

“Se você usa os músculos repetidamente, isso gera mais tecido ósseo, que se traduz em ossos mais densos e com maior circunferência”, explica Scheffler.

Mas havia outra questão intrigante no resultado do estudo: caminhar era o único tipo de exercício que parecia ter algum impacto.

Scheffler acredita que isso se deve ao fato de que mesmo as crianças mais atléticas dedicam muito pouco tempo à prática de exercícios físicos.

“Não ajuda que sua mãe te leve de carro para praticar uma ou duas horas de exercício por semana”, diz ela.

E, embora não tenha sido estudado, é provável que a mesma regra se aplique aos adultos: não basta simplesmente ir à academia duas vezes por semana sem também caminhar longas distâncias.

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https://www.osul.com.br/veja-como-a-vida-moderna-esta-mudando-o-esqueleto-humano/ Veja como a vida moderna está mudando o esqueleto humano 2020-08-16
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