Sexta-feira, 25 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 16 de agosto de 2020
Um dos mais atingidos pela pandemia do novo coronavírus, o setor aéreo passa por uma lenta recuperação ao mesmo tempo em que ainda busca retomar a confiança dos passageiros. Um dos desafios das companhias têm sido convencer os clientes de que é seguro embarcar com centenas de pessoas, em uma aeronave fechada, no momento em que o Brasil ultrapassa a marca de 106 mil mortos por Covid-19.
A queda na demanda por passagens domésticas e internacionais chegou a 93% em abril em relação ao mesmo período no ano passado. Em junho, o percentual era um pouco menor, de 86% na mesma comparação. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a volta dos passageiros está relacionada com a retomada de setores econômicos que exigem viagens e com os protocolos de segurança validados no Brasil e no exterior.
Essas medidas sanitária estão implementadas desde o fim de junho e envolvem as companhias aéreas e os aeroportos. Os protocolos permitem a entrada no aeroporto apenas de quem vai viajar, determina a obrigatoriedade de uso de máscaras, o check in sem contato manual, a utilização de um sistema de sanitização nos aparelhos de raio-x e o distanciamento nas filas de embarque.
Mas o principal argumento usado em favor da segurança do transporte aéreo é a utilização, em toda a frota brasileira, de um sistema de filtragem capaz de trocar todo o ar da aeronave a cada três minutos. Os filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air) conseguem filtrar 99% dos microrganismos do ambiente, inclusive o coronavírus.
“Os filtros HEPA estão presentes em todas as aeronaves no Brasil, que tem frota jovem, com menos de 10 anos. Ele limpa 99% do ar a cada três minutos, puxando o ar de cima para baixo. As pessoas são obrigadas a viajar de máscara, mas se uma partícula escapar de um passageiro, ela não chegará à quem está do lado pois o filtro puxa para baixo. Isso torna o ambiente do avião tão seguro quanto uma sala cirúrgica”, disse o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.
Receio persiste
Morador de Goiânia e funcionário de uma empresa de planos de saúde, o supervisor administrativo Gabriel Henrique Cardoso Gomes, de 25 anos, precisou fazer uma viagem a trabalho no começo de agosto. Ele afirma que sentiu segurança na maior parte do itinerário, entre Goiânia e Fortaleza, embora tenha críticas relativas aos protocolos adotados pelas companhias aéreas.
“Meu voo de volta demorou 15 horas, teve duas escalas e trocas de aeronave. Todo esse tempo dentro de aviões e aeroportos causou receio. Os voos estavam cheios e preocupa ver tanta gente perto uma da outra. No saguão você pode sentar em uma cadeira e na outra não, sempre tem uma vazia a seu lado. Eu acho que não custaria nada fazer o mesmo no avião e deixar o assento do meio vazio, isso deixaria a gente mais tranquilo”, disse Gomes.
O publicitário Hélcio Vieira, de 63 anos, viajou de São Paulo para Salvador na última quarta-feira (12). Ele relata ter presenciado aglomerações em dois momentos de desembarque. O primeiro quando os passageiros tiveram que fazer uma trocar de aeronave, antes da decolagem. O segundo ocorreu na chegada ao destino.
“Antes de abrir as portas para realizar a troca já havia pessoas no corredor do avião, em aglomeração. Foi uma confusão, a maioria não se atentou para os protocolos mas considero que também faltou preparo da tripulação. A mesma coisa aconteceu na hora do desembarque em Salvador, com as pessoas novamente de pé e gente tossindo. Eu fiquei preocupado pois sou diabético, obeso e tenho disfunção renal”, disse.
Dentro das aeronaves, a recomendação passada no sistema de som é para que o desembarque seja realizado de forma ordenada. Os passageiros da segunda fileira devem aguardar sentados e se levantar somente após a saída dos que estão na primeira e assim por diante.
Sanovicz afirma que a associação tem trabalhado para fazer essas informações chegarem aos clientes. De acordo com a Abear, cerca de 25 milhões de emails ja foram enviados para os consumidores que estão cadastrados nos bancos de dados das companhias aéreas brasileiras.