Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 7 de novembro de 2019
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) entrará com um pedido para que o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) investigue procuradores da Operação Lava-Jato por terem interceptado conversas de advogados com Lula, usando o conteúdo delas para traçar a sua própria estratégia de atuação processual contra o ex-presidente. As informações são da coluna de Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo.
Nesta semana, a Folha e o The Intercept Brasil revelaram que conversas de Lula com o advogado Roberto Teixeira foram grampeadas em 2016. Nelas, o defensor sugeria que o petista acionasse aliados para conversar com Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal). Ela analisaria o pedido dele para suspender as investigações.
As mensagens obtidas pelo site mostram que Deltan Dallagnol e outros procuradores debateram o assunto intensamente e enviaram o conteúdo das conversas ao então juiz Sérgio Moro. Depois disso, procuraram Rosa Weber.
“O grampo ilegal, que violava o sigilo entre advogado e cliente, foi utilizado para planejar as estratégias jurídicas da Lava Jato”, diz o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz.
Moro e os procuradores afirmam que não discutiram o tema com a ministra.
Reclamação disciplinar
O deputado Rui Falcão (PT-SP) apresentou uma reclamação disciplinar contra o procurador Deltan Dallagnol e outros integrantes da Operação Lava Jato no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), que fiscaliza a atuação dos integrantes do órgão.
Na peça, ele afirma que integrantes da força-tarefa “instrumentalizaram a punição da Petrobras” nos EUA por causa do escândalo do petrolão em benefício próprio e de terceiros, como clientes do advogado Modesto Carvalhosa.
A estatal recebeu multas de US$ 685 milhões, nos EUA, que deveriam ser revertidos às autoridades brasileiras.
“Surpreendentemente, e em patente desvio de finalidade”, diz o texto, “a força-tarefa costurou acordo com a Petrobras destinando 50% para a satisfação de eventuais condenações ou acordos com acionistas que investiram no mercado acionário brasileiro e ajuizaram ação de reparação, inclusive arbitragens”, até outubro de 2017.
Falcão e seus advogados afirmam que houve “direcionamento de dinheiro público para acionistas específicos cujo advogado que seria beneficiado possuía e possui laços subjetivos com os procuradores”. Os valores seriam de “aproximadamente R$ 1,5 bilhão”.
O advogado nega que qualquer benefício tenha sido direcionado a ele ou a seus clientes. “Antes de mim, vários advogados entraram com ações, duzentos advogados fizeram pedidos”, afirma ele.
“E as ações que foram promovidas por nós são muito anteriores a esse acordo”, segue. “Nunca conversei com o Dallagnol a não ser em eventos. Nunca ligue, nunca troquei mensagens. Podem olhar todos os meus telefones”, completa. “Estou à disposição.”