Terça-feira, 23 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Colunistas A vaidade em Lula e Moro

Compartilhe esta notícia:

Ministro da Justiça Sérgio Moro. (Foto: Isaac Amorim/AG. MJ)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Os homens agraciados com a glória, ainda que efêmera, ignoram que, muitas vezes, só estavam na hora certa e no lugar certo, e que os deuses da época conspiraram a seu favor. Passam a acreditar que todo o mérito lhes pertence, e que alcançaram o panteão da fama e do reconhecimento somente por causa de suas inigualáveis qualidades.

Foi assim com Lula. O retirante nordestino, o operário de fábrica viveu o auge do prestígio quando se elegeu presidente da República, em 2002, e quando realizou um governo de indiscutíveis avanços, com a melhoria de vida dos brasileiros mais pobres.

Foi assim com Sérgio Moro. Ele foi o personagem principal de uma revolução na Justiça deste País. Nos cansamos de dizer, antes, que a cadeia era um lugar de pretos e pobres. Moro, mais do que qualquer outro, mudou para sempre a distorção incômoda e vergonhosa. Personalidades da política e da alta economia foram condenadas a dormir atrás das grades, usar tornozeleiras, pagar multas, devolver quantias milionárias.

Porém Lula e Moro, além de divergências e antagonismos, têm algo em comum: se perderam pela vaidade. Ambos, recebidos de braços abertos pelas massas, cada um deles tietado à maneira peculiar dos seus admiradores, em algum momento cederam à tentação de acreditar que eram destinados a uma missão superior. “ Você é o cara”, diziam ao redor.

Nem Lula nem Moro cogitaram dos contextos nos quais atuaram; nenhum deles parou para pensar que existiam outros componentes e outras razões – fora deles – para o aplauso e o êxito.

Lula não percebeu que parte essencial da bonança da época era o efeito de uma conjuntura esplendorosa da economia mundial. Ele parecia convencido de que aqueles dias felizes eram devidos apenas aos seus méritos, à sua lendária (depois desmentida) intuição.

Moro, de sua vez, aplaudido nas ruas, reconhecido como herói nacional, remava a favor da corrente da indignação social contra a corrupção. Tinha herdado um formidável aparato institucional e legal, que lhe permitiu a coragem e o rigor com que se houve. O que seria da Lava-Jato sem a delação premiada, votada pelo Congresso Nacional e pela execrável espécie dos políticos?

Lula continua pagando pela vaidade que o acometeu, a autoexaltação, a gabolice do “nunca antes na história deste País”.

Moro achou que podia – uma vez que seus objetivos eram nobres e elevados – superar sem susto certos “obstáculos” da lei. Esqueceu, no surto de autoconfiança e vaidade, que um juiz não pode agir em conluio e cumplicidade com o Ministério Público, como não poderia fazer em relação ao réu, ao advogado de defesa, porque tal conduta desnorteia a bússola da Justiça, retira-lhe o equilíbrio. Fez-se parcial, o mais grave erro em que pode incorrer um juiz.

Os vazamentos da The Intercept maculam a trajetória do juiz, lançam sombras e dúvidas mais do que razoáveis sobre os seus atos e decisões.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Colunistas

A visita de Bolsonaro a Santa Maria: confirmada!
Não tivemos greve, mas ações violentas para intimidar pessoas
https://www.osul.com.br/a-vaidade-em-lula-e-moro/ A vaidade em Lula e Moro 2019-06-15
Deixe seu comentário
Pode te interessar