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Marcas & Veículos A venda de carros no País ainda têm fôlego com o incremento da venda direta para locadoras e frotistas

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A esperança dos dirigentes do setor é que o segundo semestre traga um clima econômico mais favorável que o primeiro. (Foto: EBC)

Há poucos dias, um alto executivo de uma grande montadora reuniu-se com representantes de bancos para expor previsões da empresa em relação à atividade do setor e a economia do País. O clima entre os presentes foi de frustração e preocupação. A venda de carros no País ainda têm fôlego com o incremento da venda direta para locadoras e frotistas.

Já faz 26 meses consecutivos que o volume mensal de vendas de veículos no País cresce na comparação anual. No início, a expansão era vista como processo de recuperação de um setor que em 2016 chegou ao fundo do poço.

Era natural concluir que, aliada à estabilidade das taxas de juros e à ampliação da oferta de crédito, a volta da confiança havia servido de estímulo para a troca de carro, por muitos adiada durante a crise.

Há poucos meses, porém, os resultados positivos das vendas de veículos começaram a destoar da média dos números da indústria em geral. E também de referências macroeconômicas, como desemprego elevado e projeções de PIB em declínio.

A impressão, quando se observam os números de licenciamento de veículos, sejam mensais, sejam acumulados, é que a indústria automobilística está na contramão.

Mas por trás da festa que se faz a cada divulgação do balanço do setor há considerações a analisar. Um dos principais motores da expansão do mercado de automóveis no Brasil hoje é a chamada venda direta. São encomendas de grandes lotes, feitas por empresas com frotas próprias e locadoras, entre outros.

Esse canal sempre serviu aos fabricantes de veículos como ferramenta para aumentar volumes de vendas e, assim, expandir participação no mercado. Algumas marcas recorrem à venda direta mais do que outras. As de luxo preferem manter um pouco de distância de um canal de vendas visto como atrativo para alguns, mas aviltante para outros.

A venda direta beneficia o comprador, que usufrui de descontos vantajosos. Nessas condições, um carro é comercializado a preços até 30% mais baixos do que o valor de venda ao concessionário.

Trata-se de um tipo de negócio comum e antigo. Mas, ultimamente, ganhou características que, em parte, desvirtuam sua natureza.

Grande parte das locadoras passou a fazer da venda de seminovos uma parte importante dos seus lucros. E isso aparece claramente em seus balanços.

Do lado do fabricante, a modalidade enche os olhos das equipes de vendas, mesmo que traga margem de lucro menor. Os concessionários se irritam com a concorrência das lojas das locadoras, que, graças aos descontos obtidos da montadora, conseguem oferecer carros quase novos a preços atraentes. O consumidor, claro, só tem a ganhar com a concorrência.

Mas o que chama a atenção é que a prática ganhou dimensões que levam a uma falsa ideia de aumento de consumo. Como a venda de seminovos passou a ser um negócio lucrativo, algumas empresas passaram a renovar suas frotas com mais frequência.

Ao reunir-se com os representantes dos bancos, o executivo da montadora que traçou o cenário negativo exibiu dados referentes ao primeiro trimestre que mostram a influência da venda direta no mercado. Em um ano, a participação desse tipo de negócio no mercado de veículos leves passou de 37% para 43%. O peso da modalidade foi preponderante para a expansão do mercado. Aos representantes do setor financeiro o executivo revelou que “o setor cresce numa economia que não cresce porque oferece uma vantagem”.

Não é, portanto, o consumidor comum, o maior responsável pelo crescimento das vendas de veículos no País.

O fôlego dessa indústria está prestes a acabar. Nas fábricas, já faz alguns meses que a produção começou a dar sinais de enfraquecimento como consequência da crise argentina. Os dados referentes ao quadrimestre mostram um começo de retração. Depois de um longo período de crescimento, a produção nos primeiros quatro meses do ano encolheu 0,1% na comparação com o mesmo período de 2018.

Nesse mesmo período, o volume de veículos exportados caiu 45%. Isso mostra como as fábricas do Brasil continuam reféns da demanda do mercado argentino, que não tende a dar sinais de recuperação tão cedo. O cenário político ficou ainda mais indefinido no país vizinho no fim de semana, quando a ex-presidente, Cristina Kirchner, anunciou que será candidata à vice-presidência nas eleições de outubro.

A falta de competitividade brasileira impede que a conquista de novos mercados compense os volumes antes destinados à Argentina. Há poucos dias, a Anfavea, associação que representa as montadoras, apresentou estudo mostrando que produzir carros no México sai 18% mais barato do que no Brasil.

Executivos do setor começam a demonstrar preocupação. O setor opera com ociosidade de mais de 40%. O ambiente econômico desafiador no Brasil e o desalento com as exportações tendem a derrubar o que ainda resta de otimismo e expectativa de crescimento este ano.

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