Segunda-feira, 07 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 29 de março de 2019
Apesar de ter orientado quartéis a celebrarem o aniversário de 55 anos do golpe militar, o presidente Jair Bolsonaro não estará no Brasil no dia 31 de março. Nessa data, ele desembarcará em Israel, onde permanecerá até 3 de abril.
Nesta semana, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, confirmou a determinação do presidente ao Ministério da Defesa para que sejam feitas as “comemorações devidas”. Segundo Rêgo Barros, não haverá eventos no Palácio do Planalto na ocasião.
De acordo com o porta-voz, o presidente não considera que houve um golpe, e sim que a sociedade civil e militares se uniram para “recuperar e recolocar o nosso País no rumo”. “Salvo melhor juízo, se isso não tivesse ocorrido, hoje nós estaríamos tendo algum tipo de governo aqui que não seria bom para ninguém”, afirmou Rêgo Barros.
O Palácio do Planalto vai unificar os textos preparados pelos comandantes militares. O conteúdo vai ser encaminhado aos quartéis. O período militar ficou marcado pela morte e tortura de dezenas de militantes políticos que se opuseram ao regime.
Socialismo
O presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar que o Exército Brasileiro é, em última instância, o órgão que garante a democracia no Brasil e atribuiu aos militares a função de se opor ao socialismo. “Nós [militares] somos o último obstáculo para o socialismo. Qualquer país do mundo, quem decide, em última análise, se vai ser ditadura ou democracia, não vai ser a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], o Conselho Federal de Medicina ou a CNI [Confederação Nacional da Indústria].”
Para o presidente, no entanto, o regime militar de 1964 a 1985 não foi ditatorial. “Onde você viu uma ditadura entregar o governo de forma pacífica? Então não houve ditadura”, afirmou o presidente em entrevista para a Band TV na quarta-feira (27).
A fala de Bolsonaro acontece em meio a um momento conturbado com o Congresso e com a Justiça, instituições que se manifestaram contra os incentivos do governo para comemorar o golpe militar de 1964.
Na terça-feira (26), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou que a Casa não vai comemorar o golpe e ainda lembrou que o seu pai foi exilado durante o período da repressão. Para Bolsonaro, o regime teve “alguns problemas” e isso não invalida as comemorações sobre os 55 anos do golpe militar de 31 de março de 1964.