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Por Redação O Sul | 28 de janeiro de 2019
Os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 18,263 bilhões em todo ano passado, informou nesta segunda-feira (28) o Banco Central. Com isso, foi registrada uma queda de 3,88% frente ao ano de 2017, quando as despesas lá fora somaram US$ 19,002 bilhões.
Alta do dólar e expansão da economia
A queda dos gastos de brasileiros lá fora aconteceu em um momento de alta do dólar. Em todo o ano de 2018, a moeda norte-americana acumulou um crescimento de quase 17%.
Com a escalada do dólar, as viagens de brasileiros ao exterior ficam mais caras. Isso porque as passagens e as despesas com hotéis, por exemplo, são cotadas em moeda estrangeira. O papel moeda também fica mais custoso.
Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do BC, informou que o dólar médio ficou em R$ 3,66 em 2018, contra R$ 3,19 no ano anterior. “A subida mais expressiva aconteceu a partir de meados do ano”, lembrou.
“Nos primeiros meses de 2018, houve uma aceleração nas despesas líquidas [despesas de brasileiros maiores que receitas de estrangeiros. Isso se inverteu no segundo semestre”, disse o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha. A inversão ocorreu devido à alta da moeda americana.
Também no ano passado, a economia brasileira continuou a crescer, o que, segundo analistas, pode ter influenciado a despesa de brasileiros no exterior – impedindo uma queda maior.
“Em 2018, tivemos aumento da quantidade de vagas no mercado formal e tivemos uma redução, ainda que pequena, na taxa de desemprego. Isso contribui para um aumento de gastos no exterior”, acrescentou Rocha, do BC.
Depois de avançar 1,1% em 2017, após dois anos de recessão, o PIB (Produto Interno Bruto) registrou alta de 1,4% em doze meses até setembro de 2018 (último dado disponível), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
As receitas de estrangeiros em viagem ao Brasil chegaram a 5,917 bilhões de dólares (22,6 bilhões de reais) no ano passado, com aumento de 1,86% em relação a 2017. Com isso, a conta de viagens, formadas pelas despesas e as receitas, fechou o ano negativa em 12,346 bilhões de dólares.
As viagens internacionais fazem parte da conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de investimentos, entre outros) das transações correntes, que são compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do País com outras nações. No ano passado, as contas externas ficaram em 14,511 bilhões de reais (54,8 bilhões de reais), um pouco mais que o dobro registrado em 2017 (7,235 bilhões de dólares, cerca de 27,3 bilhões de reais).
“Não obstante ser maior que de 2017, esse déficit é baixo para os padrões da economia brasileira. Não apresenta risco do lado externo da economia brasileira e é mais que inteiramente financiado pelos fluxos de investimento direto no País”, disse Rocha.
Ele acrescentou que o resultado negativo das contas externas era esperado porque a economia brasileira retomou o crescimento. “Quando a economia cresce, aumenta a demanda dos residentes do País por bens e serviços importados”, destacou. Ele acrescentou que enquanto as exportações de mercadorias cresceram 10% no ano passado, as importações subiram 21%.
Rocha explicou que a demanda de serviços do exterior também aumenta com o crescimento da economia, mas a alta do dólar freou o crescimento da procura. “Como a taxa de câmbio se desvalorizou no período, ficou mais caro demandar serviços no exterior”, acrescentou Rocha.
Metodologia do BC
O BC adota a metodologia internacional para medir as contas externas. Dentro da conta de serviços, onde estão os gastos com viagens, o BC passou a apresentar novas linhas, como serviços de propriedade intelectual (antigos royalties), e telecomunicações, computação e informações, que capta despesas com software, por exemplo. A nota também traz outros serviços – pesquisa, desenvolvimento, publicidade, engenharia, arquitetura, limpeza e despoluição -, e serviços culturais, pessoais e recreativos.